Antiviral remdesivir ajuda no tratamento contra a Covid-19?

Resultados publicados pelo periódico The New England Journal of Medicine, no último dia 22 de maio, apontam para melhora na recuperação de pacientes em até 11 dias

Em busca de um tratamento efetivo contra as infecções do trato respiratório aguda ocasionados pela Covid-19, cientistas apontam que o antiviral remdesivir pode ser um aliado na luta contra os danos causados pelo novo coronavírus.

Diferente dos resultados obtidos com uso da cloroquina em pacientes acometidos pela doença, os novos resultados com o medicamento antiviral apontam uma melhora no quadro de pacientes hospitalizados em virtude do novo corona vírus.

As pesquisas conduzidas pela NIAID (Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas) foram realizadas com 1063 pacientes em 10 países, e os resultados preliminares apontam para uma melhoria em 11 dias para pacientes que tomaram a medicação, e em contrapartida, pacientes que receberam uma dose placebo tiveram recuperação em 15 dias, ou seja, a administração da droga reduziu em 4 dias o quadro de infecções ocasionadas pela SARS-Cov-2.

Esperança: nova droga na luta contra a Covid-19

No dia 29 de abril, Anthony Fauci, diretor da NIAID, foi categórico ao dizer que evidências preliminares do estudo revelaram que o ANTIVIRAL remdesivir teve um “efeito claro, significativo e positivo na redução do tempo de recuperação” dos pacientes vítimas da doença.

Já em 1 de maio, foi autorizado pelos Estados Unidos o uso do remdesivir nas redes hospitalares em caso de emergência, medida também adotada pelo Japão. Já na Europa segue em análise quanto aos protocolos de uso.

Os testes foram realizados da seguinte maneira. A pesquisa contou com 1063 pacientes, cujo foram submetidos a uma randomização, escolhidos de maneira aleatória para fazerem parte do grupo que receberia o antiviral ou para o grupo que receberia o placebo, por um período de duração de 10 dias.

Os resultados preliminares avaliaram 538 pacientes que receberam o remdesivir e 521 do grupo que receberam o placebo.

Os pacientes que tiveram doses administradas do remdesivir tiveram uma taxa média de 11 dias de recuperação. Já os pacientes que faziam parte do grupo placebo precisaram de 15 dias para se recuperar.          

Passados 14 dias do início da pesquisa, 11,9% dos pacientes do grupo placebo morreram, e no grupo que recebeu remdesivir, os dados apontam para uma taxa de 7,1% de mortalidade.

Todavia, os autores do estudo alertam que as taxas de mortalidade causada pelo coronavírus são muito altas e podem requerer novos tratamentos ainda por serem avaliados. “Dada a alta mortalidade, apesar do uso de remdesivir, está claro que o tratamento apenas com um medicamento antiviral provavelmente não é suficiente.”

Mahesh Parmar, diretor da Unidade de Ensaios Clínicos MRC da Universidade College London e que supervisiona as pesquisas conduzidas pela NIAID na Europa, afirma que não apenas este, porém outros estudos que busquem comprovação e eficácia do uso deste e de outros medicamentos, devem ser postos a análises mais minuciosas, visto que a taxa de sobrevivência obtida nos resultados com o uso do antiviral é de apenas 30%.

“Antes que este medicamento seja disponibilizado mais amplamente, algumas coisas precisam acontecer. Primeiro, dados e resultados precisam passar por revisões para avaliar se o tratamento pode ser licenciado. Depois, vários países terão que avaliar sua eficácia através de suas próprias autoridades de saúde”, comenta.

É claro que, diante das inúmeras dúvidas que cerceiam o estudo, muitas perguntas surgem, como, por exemplo, qual era a faixa etária dos pacientes analisados, quantos faziam parte dos grupos de risco e qual foi a quantidade do medicamento administrada nas pessoas estudadas.

Para o professor Peter Horby, da Universidade Oxford, que coordena o maior teste do mundo sobre medicamentos para a Covid-19, ele comenta que: “Precisamos ver os resultados completos, mas se confirmado, seria algo fantástico, uma ótima notícia na luta contra o novo coronavírus. Os próximos passos são obter os dados completos e, conforme for, trabalhar no acesso universal ao remdesivir”.

Os resultados preliminares da pesquisa original podem ser consultados aqui.

Vale ressaltar que, no Brasil, o antiviral remdesivir sofre restrições em território nacional por parte da Anvisa, porém, em portaria publicada dia 1 de maio do corrente ano, a agência informa que está em contato com a Gilead, empresa que fabrica o remdesivir no exterior, a fim de acompanhar a evolução dos estudos do medicamento para o tratamento da Covid-19.

Equipe NUJOC

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