É precipitado afirmar que a falta de sol é o principal fator de transmissão da Covid-19

 É precipitado afirmar que a falta de sol é o principal fator de transmissão da Covid-19

O Nujoc Checagem recebeu, por meio da parceria com o aplicativo Eu Fiscalizo da Fiocruz, o material para verificação que consta no site Blog do BG com o título “LEIA: Estudo realizado em 126 países mostra que a FALTA DE SOL é o principal fator de transmissão do Covid-19“.

O texto, feita com base na pesquisa publicada no artigo “COVID-19 transmission risk factors” (assinado por Alessio Notari e Giorgio Torrieri), sugere a correlação entre a falta de exposição à luz solar com baixas taxas de vitamina D como uma das variáveis que levariam ao maior número de casos no início da pandemia. Haveria, assim, uma correlação negativa neste caso.

“Segundo o estudo, apoiado pela Fapesp, entre os fatores que contribuíram para a maior taxa inicial de crescimento da Covid-19 estão: temperatura baixa e, consequentemente, população menos exposta aos raios ultravioleta do sol e com menor nível de vitamina D no sangue”, afirma a reportagem do Blog do BG, que também consta no site da Unicamp e foi replicada da Folhapress.

Acontece que este estudo não foi feito em 126 países in loco, conforme o título da matéria publicada no Blog do BG leva a crer, mas com a análise dos dados destes países.

Analisando o texto, publicado originalmente em 23 de junho de 2020, é possível ver que o artigo menciona as baixas temperaturas como uma das variáveis encontradas que explicariam o contágio em um período determinado, que foi oinício da pandemia – que aconteceu durante o inverno no hemisfério Norte e no caso do Brasil, em um período chuvoso.

Sobre a vitamina D, aspecto que os autores se debruçam de forma mais aprofundada ao longo do paper, o artigo original, em inglês, aponta que “é bem possível que altos níveis de vitamina D tenham impacto na resposta imune ao COVID-19”. Ou seja, a correlação entre essa variável e a incidência de COVID-19 ainda é algo que necessita de mais estudo. É o mesmo caso da possível proteção que a vacina BCG oferece às pessoas que receberam a imunização.

Além disso, Notari e Torrieri afirmam que “são necessárias mais pesquisas para responder a perguntas mais específicas, por exemplo, se o vírus sobrevive menos em um ambiente com alto índice de UV ou se um alto índice de UV estimula a produção de vitamina D que pode ajudar o sistema imunológico, ou ambos”.

Por fim, quando da publicação, o texto afirma que ainda não havia revisão por pares, ou seja, ainda não havia sido apreciado por outros cientistas.

Equipe NUJOC

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