Vídeo de parto empelicado não é de mãe com coronavírus

 Vídeo de parto empelicado não é de mãe com coronavírus

A gravação foi feita na Costa Rica, antes da chegada da pandemia ao país

Está circulando nas redes o vídeo de um parto raro: o bebê nasce de uma cesariana sem romper o saco amniótico. As legendas que acompanham o vídeo são as seguintes:

mãe com coronaviros

para nao contaminar o

bebe nasceu com a bolsa

sem romper e muito lindo

Bom dia vidaaa

A informação de que a mãe estava contaminada pela Covid-19 é falsa. A checagem já foi feita pela AFP em 21 de maio, como você pode conferir aqui.

A verificação mostrou que se trata de um parto ocorrido em janeiro deste ano, bem antes da chegada do coronavírus à Costa Rica. A mãe, Verónica Salazar, entrevistada sobre a repercussão do vídeo, ficou perplexa. Ela nem desconfiava que a filmagem, que fora feita pelos médicos, havia vazado e corria o mundo.

“Sinto que era algo muito pessoal, nosso, e me incomodou muito não poder saber quem foi a pessoa que se atreveu a postá-lo, publicá-lo sem o nosso consentimento […] esse vídeo eu guardo com todo o amor do mundo porque a minha bebê nasceu assim, e saber que o vídeo anda por todos os lados e saber que anda com uma informação completamente falsa, doeu muito”, disse Salazar à AFP.

O parto, que era de duas meninas, aconteceu em 8 de janeiro, no Hospital San Vicente de Paúl, em Heredia.

Imagem do vídeo do parto: a mãe não estava contaminada. Fonte: Captura de tela/WhatsApp

A fake news do parto empelicado – como se chama o nascimento dentro do saco amniótico – apela ao sentido do sacrifício materno. A mãe teria feito o parto dessa forma para impedir a contaminação do feto.

Mas a mãe não estava com a Covid-19 e os médicos não tinham como programar o nascimento do bebê empelicado. Além disso, não há casos confirmados de transmissão vertical do coronavírus da mãe para o feto até o momento, conforme os médicos ouvidos pela checagem do G1 em 22 de maio, que você pode conferir aqui.

O médico Waldemar Carvalho, do Hospital Beneficência Portuguesa, ouvido na reportagem do G1, afirma que no caso de cesarianas o procedimento padrão para evitar contaminação na retirada do bebê é usar agentes desinfetantes na pele da mãe. O fato de a bolsa estar íntegra não tem peso.

O parto empelicado é uma ocorrência rara: menos de 01 caso em cada 80 mil nascimentos, segundo este estudo aqui, realizado pelo hospital Southside, em Nova York.

Nas redes, o registro do nascimento de um bebê saudável em tais condições raras causou comoção: “Botando a linguinha pra fora, que amor! Não tem como não se emocionar!”, disse uma das usuárias do WhastApp. Mas os cientistas ponderam que o “milagre” da vida não é desculpa para difundir fake news sobre o coronavírus.

Equipe NUJOC

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