Se vacina salvasse, Agnaldo Timóteo estaria vivo?Entenda.
Postagem no Instagram sugere que vacinas não são eficientes para conter a Covid-19, porém, no Brasil, o número de óbitos segue em queda devido o lento avanço da vacinação em idosos.
Muitas vidas foram perdidas pela Covid-19 desde o início da pandemia. O Brasil ultrapassa a triste marca de mais 450 mil óbitos pelo novo coronavírus, e algumas dessas mortes, tocaram fundo no coração do povo brasileiro, como é o caso do ator Paulo Gustavo e do cantor Agnaldo Timóteo.
Um fato curioso e que repercutiu muito a respeito dessas perdas, em específico, a do cantor Agnaldo Timóteo, é que o mesmo já estava vacinado e ainda assim foi a óbito por complicações da Covid-19, o que leva muitas pessoas a se questionarem se as vacinas aplicadas contra o vírus são realmente eficazes para evitar mortes.
Duas coisas precisam ser pontuadas a respeito dessa situação. A primeira é que o grande fluxo de circulação de pessoas aumenta a probabilidade de aparecimento de variantes do vírus, e isso pode resultar na necessidade de novos imunizantes para algo que já é um grande problema. Segundo, é que as vacinas não são mágicas, ou seja, a eficácia de uma vacina é a probabilidade de que, após tomá-la, uma pessoa não adoeça, de acordo com o que foi observado nos testes clínicos. No caso da CoronaVac, por exemplo, a eficácia de 50,4% significa que quem foi adequadamente vacinado tem a chance de ficar doente reduzida pela metade.
No caso de Agnaldo, a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, explica que antes de receber a segunda dose do imunizante o cantor estava, em teoria, parcialmente ou muito pouco protegido. A médica ainda explica que uma pessoa é considerada protegida apenas duas ou três semanas após receber o número de doses recomendadas (duas, no caso da CoronaVac e da vacina de Oxford/AstraZeneca, atualmente utilizadas no Brasil). Esse período é necessário para que a resposta imune seja gerada.
De toda forma, é elementar pontuar que mesmo quem já está adequadamente vacinado ainda podem ser infectado. A vacina tem uma função primordial de evitar que casos graves da doença aconteçam, entretanto, uma infecção ainda é possível, sobretudo em profissionais da saúde que estão expostos a altas cargas viriais em ambientes de risco. Nenhuma vacina é 100% eficaz, seja na prevenção de doença ou de formas graves, afirma Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações.
— Vamos ver com muito mais frequência indivíduos que tiveram Covid após tomar só a primeira dose, ou antes de completar duas semanas após a segunda. Mas mesmo entre os que receberam duas doses e passou esse tempo, ainda é possível adoecer. O que se espera é que a grande maioria dos casos sejam leves, mas vão ter indivíduos que não vão responder à vacina e podem desenvolver uma doença tão grave quanto se não tivessem sido vacinados. É uma minoria — comenta Kfouri.
Segundo reportagem do O Globo, especialistas comentam que no cenário atual do Brasil, com alta circulação do coronavírus, número de casos e mortes pela Covid-19, os relatos de doença após a vacinação completa se tornam mais frequentes.
Segundo Kfouri, os imunizantes contra a Covid-19 estão funcionando, na prática, conforme esperado.
— Também é esperado que as vacinas com maior eficácia tenham uma falha vacinal [casos de pessoas vacinadas que adoecem] menor do que as com eficácia mais baixa, mas para casos graves a tendência é que seja muito pequena, de forma geral — afirma o diretor da SBIm.
Pasternak explica que no Brasil a vacinação ainda está muito lenta para que haja algum resultado da chamada fase 4, quando a vacina já está sendo aplicada na população, mas em países com porcentagem maior da população vacinada os números são positivos:
— Em países como Israel e Estados Unidos as vacinas estão diminuindo hospitalizações, mortes e transmissão também.
Richtmann também destaca que ainda não existem dados de efetividade — o quanto a vacina protege quando aplicada na população, em grande escala — dos imunizantes utilizados no Brasil. Mas há, segundo ela, ocorrência de casos de Covid-19, inclusive graves, entre profissionais da saúde com mais de três semanas após receber a segunda dose da CoronaVac.
— Nos estudos de fase 3, o Instituto Butantan [que produz a CoronaVac no Brasil] falava de uma eficácia de quase 100% de proteção para casos graves, e pelo que observamos na vida real não tem sido dessa maneira. Isso não significa que deva deixar de vacinar, mas que mesmo vacinado não se deve baixar a guarda. Principalmente profissionais da saúde, que são muito expostos ao vírus — diz a infectologista.
Richtmann lembra que na época dos ensaios clínicos não havia a alta circulação viral observada atualmente no país, além da presença das novas variantes do coronavírus.
— Por isso não se deve deixar de ter cuidados, que são basicamente os de sempre, mas devem ser ainda maiores agora — afirma. — Claro que a vacina vai ter impacto na redução das mortes, da hospitalização e da circulação do vírus, mas não podemos julgar que quem está vacinado está de fato protegido. Não podemos baixar a guarda. Confira na íntegra o que dizem os especialista aqui.
Dados divulgados pela Agência Brasília, mostram como o número de óbitos tem se reduzido graças à vacinação. Em fevereiro, 26,8% dos óbitos por decorrência do novo coronavírus registrados no DF foram de pacientes acima dos 80 anos de idade. Até 24 de março, esse percentual caiu para 16,6%. Uma redução significativa, tendo em vista que o percentual de pacientes infectados pela covid-19 nesta faixa etária permanece o mesmo desde janeiro, totalizando 2% dos casos registrados por mês.
O fator responsável pela redução no percentual de óbitos dos idosos que desenvolveram a covid-19 foi a vacinação, como explica o presidente da Codeplan, Jean Lima. “Em termos de casos, estamos ainda com patamares muito parecidos. O que já aponta nesses 24 dias é essa queda percentual significativa e que, sem dúvida nenhuma, foi resultado da vacinação”, avalia. “É a única solução”. Confira a reportagem completa neste link.
o Instituto Butantan, rcentemente, publicou em seu site oficial um estudo realizado entre janeiro e abril com 15 mil casos de pessoas acima dos 70 anos do estado de São Paulo, mostrou que a efetividade da vacina em um contexto onde predomina a variante P.1 aumenta com o tempo e não tem variação significativa em relação à eficácia geral da vacina, sendo de 49,4% 21 dias após a segunda dose. Ela é maior, porém, nos idosos mais jovens: no público entre 70 e 74 anos, a eficácia é de 61,8%.
Dados de efetividade de estudos feitos com o uso da vacina de forma rotineira podem variar e, portanto, devem ser interpretados com cautela. Sem contar que as pesquisas variam do ponto de vista metodológico e analisam momentos epidemiológicos distintos. Confira os dados aqui.