Variante Delta do novo coronavírus não ocasiona febre nem tosse?
Circula nos aplicativos de conversa uma mensagem com supostas alegações sobre a transmissão e sintomas desenvolvidos através do contágio com a variante Delta do novo coronavírus. Entre as afirmações que aparecem no texto, a nova cepa não ocasiona febre nem tosse, mas provoca dores de cabeça, pescoço, articulações, perda de apetite e pneumonia. A mensagem foi encaminhada para a nossa equipe por meio do aplicativo Eu Fiscalizo da Fiocruz (Disponível para Android e IOS).
Mesmo com a diferença de sintomas observados entre a referida cepa com as outras três variantes, alfa (inglesa), beta (sul-americana), gamma (brasileira), não se pode dizer que ela não ocasione febre ou temperatura alta e tosse nos contaminados. O estudo Zoe COVID Symptom, realizado no Reino Unido demonstra mudanças, como por exemplo a perda de olfato e paladar não lista nos sintomas principais. Entretanto, a febre permanece bastante comum.
Com informações do G1, o infectologista Leonardo Weissmann, da Sociedade Brasileira de Infectologia, rebate o início do texto viral, que diz que, “com o novo vírus Covid Delta, não há tosse nem febre”: “O que tem sido descrito é que os pacientes com a variante Delta apresentam inicialmente um quadro muito semelhante a uma gripe, com febre, tosse, dor de garganta, dor de cabeça, mal-estar, dor no corpo. Então, é falsa informação de que esse paciente com variante Delta não apresenta tosse e febre”.
Na segunda parte da mensagem viral diz que a variante é mais virulenta e mortal, o que é controverso. Weissmann destaca ao G1 que é preciso ter muito cuidado com essa informação. “O que acontece é que essa variante Delta é mais contagiosa, mais transmissível e, com isso, mais pessoas podem ser infectadas, ficar doentes e evoluir a óbito. Não que essa variante seja mais letal e mate mais.”
O texto também afirma que, no caso da Delta, “os testes de esfregaço nasal muitas vezes são negativos para Covid-19 e há cada vez mais resultados falsos negativos em testes de nasofaringe”. Weissmann frisa que existem falsos negativos em pacientes infectados pelo próprio vírus independentemente da variante. “Ele não tem 100% de eficácia. Mas os casos com a variante Delta podem, sim, ser detectados pelo RTPCR e, depois, com o material coletado em nasofaringe, também você conseguir fazer o sequenciamento genético e identificar a variante Delta. Então, essa parte da mensagem também é falsa.”
Somente na parte final, que relata a necessidade de continuar seguindo todos os cuidados, é verdadeira, de acordo com Weismann. “É necessário continuar com distanciamento físico, uso de máscara para todas as pessoas, manter ambientes arejados e higiene frequente das mãos. Não é momento ainda para abraços e beijos”, pontuou.
Por último, a mensagem recebia uma assinatura da Confederação Nacional das Cooperativas Médicas (Unimed). Segundo o portal NSC Total de Santa Catarina, no site da instituição a citada mensagem não foi encontrada pela reportagem. Ao contrário. Nas orientações sobre o coronavírus, na aba sintomas, a cooperativa descreve que, entre os sintomas mais comuns estão a febre e a tosse e que algumas pessoas apresentam apenas sintomas muito leves ou quase imperceptíveis, sem discriminar as variantes.
A vacinação e a variante Delta – Segundo o Doutor em Microbiologia, Átila Iamarino, a variante Delta chega a ser entre 40 e 50% mais transmissível que a variante Alfa, a mesma também já apresentava um maior grau de contaminação em relação ao vírus tradicional da COVID-19. Por isso, a necessidade de vacinar-se.
Com informações da CNN Brasil, um estudo liderado pelo Instituto Pasteur da França indicou que as vacinas conseguem vencer a nova variante, entretanto é preciso tomar as duas doses do imunizante contra a COVID-19.
O estudo, publicado no dia 08 de julho pela revista científica Nature, apontou que as células do sistema imune que foram mais eficazes em combater a variante Delta foram daqueles indivíduos que tomaram duas doses das vacinas da AstraZeneca ou da Pfizer.
Entre os que receberam somente uma dose de um desses imunizantes, 10% conseguiram neutralizar a variante, taxa que passou para 95% da amostra entre os anticorpos de indivíduos completamente imunizados.
“Uma única dose de Pfizer ou AstraZeneca foi pouco ou nada eficiente contra as variantes Beta ou Delta. Ambas as vacinas geraram uma resposta neutralizante que afetou de maneira eficiente a variante Delta somente depois da segunda dose”, escreveram os autores.