Profissionais de saúde na Itália recorrem à justiça contra a vacinação obrigatória?
A ação não é a mesma que os movimentos antivacinas
A Itália, logo no início da pandemia, foi um dos epicentros mundial de maior transmissão e mortes pelo novo coronavírus. Hospitais lotados, pouco preparo para administrar a situação e a drástica decisão de decidir quem poderia ou não estar em UTIs segundo critérios de prioridades foram acontecimentos marcantes quando a Covid-19 se alastrou pelo mundo. Passada a onda destrutiva de mortes pelo vírus, aos poucos, a Itália conseguiu estabilizar o quadro de óbitos e avançar consideravelmente no processo de vacinação.
Segundo a ANSA (Agência de Notícias Italianas), pelo menos 300 profissionais de saúde, incluindo médicos, de quatro cidades da região italiana da Lombardia apresentaram um recurso no Tribunal Administrativo Regional (TAR) de Brescia para pedir o cancelamento da obrigação de vacinação contra a Covid-19. Os operadores sanitários que se recusam a receber o imunizante contra o novo coronavírus Sars-CoV-2 são de Brescia, Cremona, Bergamo e Mântua. Uma audiência foi marcada para o próximo dia 14 de julho.
A representante legal dos profissionais, a advogada Danielle Bragara, conta “Não é uma batalha dos antivacinas, mas uma batalha democrática. As pessoas são obrigadas a correr um risco sob pena de não poderem exercer sua profissão”, destacou. O portal UOL Notícias, esclarece que: De fato, uma lei que entrou em vigor em abril prevê que “as pessoas que exerçam uma atividade em estruturas de saúde, públicas e privadas, em farmácias e clínicas privadas são obrigadas a vacinar-se (contra o coronavírus)”. Em caso de descumprimento, o infrator, se trabalhar em contato com o público, deve ser transferido a outro serviço ou suspenso sem direito a remuneração se o empregador não tiver novas tarefas a propor.
Contudo é preciso ressaltar que a vacinação tem salvo vidas por todo o mundo. Com informações do Boletim Observatório COVID-19, no Brasil, o avanço da vacinação contra a covid-19 já produziu impacto na mortalidade causada pela doença e na ocupação de leitos nas unidades de tratamento intensivo (UTI).
Divulgado ao final de junho, o boletim aponta redução no número de mortes, sobretudo em grupos prioritários. “A vacinação começa a dar sinais de resultados positivos de forma mais sensível com a ampliação da cobertura de grupos etários de menos de 60 anos. O estudo verificou também que a situação dos leitos de UTI – que atingiu o nível máximo de sobrecarga e colapso em meados de março de 2021 – parece ir se consolidando em patamares melhores”, frisou o documento.
Atualmente, o Brasil caminha para quase 36% dos brasileiros, o que já se reflete nos números de transmissão, hospitalização e mortes. Desde o pico de letalidade, em 12 de abril (3.015 mortos na média móvel) até a última quarta-feira, 15 de setembro, com 597, a queda foi de 80,9%.
De acordo com o Jornal O Globo, embora os números brasileiros sejam sempre impressionantes em razão de sua dimensão, o país está em melhor situação em relação a muitas outras nações. Temos 2,46 mortes por milhão de habitantes, considerando uma média dos últimos sete dias, enquanto os EUA têm 5,4 mortes por milhão, por exemplo. Israel, 3,7 mortes por milhão. No Reino Unido, a taxa é um pouco menor: são 2,02 mortes por milhão de habitantes segundo o site Our World in Data, que usa dados oficiais dos governos.
A importância da vacinação e seu impacto em conter a pandemia já foi discutida no Nujoc Checagem em outros momentos, conforme você pode ver aqui.