Postagem feita no Instagram levanta suspeitas sobre vacinas. Nenhuma delas tem fundamento
Por Márcio Granez
Trata-se de um apanhado de fake news que já foram checadas e desmentidas
Em um vídeo de quase 40 minutos, a usuária do Instagram @niararocha traz diversas informações que levantam suspeitas sobre a eficácia das vacinas e os números da pandemia. O material chegou à equipe do NUJOC para checagem por meio do aplicativo Eu Fiscalizo, da Fundação Oswaldo Cruz.
A autora do material, Niara Rocha, se apresenta, no Facebook e Instagram, como artista e cantora. “Pessoal, dá uma olhadinha nesse vídeo que eu gravei aqui na minha tela, e vocês mesmos façam as pesquisas e cheguem às próprias conclusões”, convida ela. Na sequência, há desde pesquisas no Google mostrando que o crescimento da população brasileira tende a diminuir nas próximas décadas, até depoimentos de médicos e pesquisadores sobre os efeitos colaterais das vacinas contra a Covid-19.
O vídeo apresentado por Niara Rocha também mostra conversas da própria Niara com familiares e médicos nas redes sociais, nas quais ela se queixa de dores de cabeça que teriam sido causadas pela vacina. O material não afirma explicitamente, mas deixa nas entrelinhas a suspeita de que as vacinas contra a Covid-19 estariam sendo usadas para controle de natalidade no Brasil, e que elas causariam muito mais prejuízos do que benefícios.
As vacinas contra a Covid-19 aprovadas pelas agências reguladoras, como a Coronavac, a vacina da Pfizer e a Atrazeneca, são todas seguras e eficazes. As suspeitas levantadas no vídeo foram verificadas em checagens como esta e esta aqui. Algumas delas pela equipe do NUJOC, como nesta entrevista do médico neurocirurgião Paulo Porto ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan, sobre os números da Covid-19. Outro trecho que verificamos foi o comentário sem fundamento feito pelo jornalista Alexandre Garcia em defesa da ivermectina, aqui.
Generalizando – O vídeo de Niara Rocha incorre no erro que os cientistas classificam como generalização apressada: tomar um caso isolado e considerá-lo como regra geral. A artista parte de sua própria experiência – mal-estar depois de tomada a vacina – e levanta suspeita infundada sobre a eficácia geral dos imunizantes.
Outro erro cometido na postagem é o chamado “viés de confirmação”: a autora junta no vídeo apenas o material que confirma suas suspeitas. Ela não menciona, por exemplo, a queda consistente no número de mortos e de infectados desde o início da vacinação no Brasil e no mundo. Ao reunir apenas o material que supostamente comprovaria as suspeitas, o vídeo apresenta forte viés de confirmação, aproximando-se do negacionismo.
Concluindo, são falsas e sem fundamento as suspeitas levantadas pelo vídeo de Niara Rocha sobre as vacinas contra a Covid-19. As supostas evidências reunidas no vídeo foram checadas e descartadas por agências de verificação como o próprio NUJOC.
Também já checamos e descartamos como falsa outra mensagem de teor semelhante, onde a autora indicava suspeitas de existência do elemento químico grafeno nas vacinas contra a Covid-19, a partir de material coletado na internet. A autora do vídeo sobre o grafeno também levantava suspeitas com base no mesmo método enviesado de pesquisa utilizado por Niara Rocha. Confira aqui.