Vacinas não funcionam com a variante ômicron, uma vez que são feitas a partir do vírus original?
Por Edison Mineiro
O Nujoc recebeu para checagem um vídeo de um homem cuja identidade não é revelada que tece várias afirmações acerca da utilidade das vacinas contra a Covid-19. Entre as alegações, está que os imunizantes não funcionariam contra a nova cepa do coronavírus, tendo em vista que as vacinas foram desenvolvidas a partir do vírus original. Assim, ele implora para as pessoas não se vacinarem.
Vale frisar que o vídeo foi encaminhado para a nossa equipe por meio do aplicativo Eu Fiscalizo da Fiocruz (Disponível para Android e IOS).
Os argumentos levantados contra a imunização da população são falsos. No vídeo, o homem ainda fala de uma “série de reações adversas” em relação às pessoas que foram vacinadas. A informação também é mentirosa.
Segundo a BBC News Brasil, os primeiros testes de laboratório com a nova variante na África do Sul sugeriram que ela poderia escapar parcialmente da vacina da Pfizer. Os pesquisadores disseram que houve uma “queda muito grande” na capacidade de neutralização da nova cepa pelos anticorpos da vacina.
Mas Mike Ryan, diretor de emergências da OMS, disse que não havia sinal de que a ômicron evitaria o efeito das vacinas.
“Temos vacinas altamente eficazes que se mostraram eficazes contra todas as variantes até agora, em termos de doença grave e hospitalização, e não há razão para esperar que não fosse assim (para a ômicron)”, disse Ryan à agência de notícias AFP.
A partir disso, o recomendado seria a aplicação de uma terceira dose.
“Dar a terceira dose é o que temos agora”, afirma Jorge Kalil à Revista Exame, imunologista da Faculdade de Medicina da Faculdade da Universidade de São Paulo (USP). Ele lembra que o desenvolvimento, a testagem e a aprovação de uma vacina completamente adaptada à Ômicron podem levar meses.
Uma vacina adaptada da Pfizer estaria disponível “até março”, segundo a farmacêutica. A AstraZeneca informou que a plataforma de vacina desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford “permite responder rapidamente a novas variantes que possam surgir”. A Johnson & Johnson informou que está testando amostras para medir a atividade neutralizante da Janssen contra a Ômicron. Paralelamente, a companhia busca uma vacina específica para a variante “e irá desenvolvê-la, conforme for necessário”, afirmou.
Essa capacidade de adaptar as vacinas rompe os argumentos do vídeo em verificação que os imunizantes são produzidos apenas do “vírus original”. Sobre o processo adaptativo, você pode saber mais neste artigo da Veja Saúde, confira aqui.
Reações adversas – Uma das alegações no vídeo são as inúmeras reações adversas em decorrência das vacinas. Conforme já verificado em outros momentos aqui no Nujoc Checagem, O Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) publicou no dia 03 de junho, um documento com uma relação dos quatro imunizantes aprovados pela União Europeia e os casos de reações adversas. As vacinas da Astrazeneca, Jansen, Moderna e Pfizer possuem índices ínfimos de reações adversas, ficando próximo a 0%. Os dados atestam a confiabilidade nas vacinas.
No dia 26 de novembro, o Ministério da Saúde publicou o Boletim Epidemiológico Especial sobre a Covid-19 expondo que a chance de uma reação grave à vacina contra covid-19 é de apenas 0,005%. Foram registrados apenas 5,1 casos de eventos adversos graves a cada 100 mil doses aplicadas.
Os dados abrangem o período de janeiro (início da vacinação) até 22 de novembro de 2021. As informações levam em conta as mortes e internações por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e os efeitos adversos notificados no Brasil.