Variante Ômicron é mais transmissível e perigosa? Entenda
Por Thalita Albano
O Nujoc Checagem, em parceria com o aplicativo Eu Fiscalizo – da Fiocruz, recebeu para análise, uma publicação no Instagram feita pela jornalista independente e apresentadora Karina Michelin. Na postagem em sua rede social pessoal, Karina falava sobre a nova variante da Covid-19 detectada na África do Sul.
Karina abre a legenda de sua publicação com a seguinte frase: Novo vírus natalício: chega a variante africana completamente inoculada. E complementa destacando que a notícia de uma nova variante mais transmissível e “perigosa” vinda da África do Sul está fazendo o giro do mundo. Segundo ela, a variante do vírus originário chinês foi detectada em indivíduos totalmente inoculados, de acordo com o comunicado oficial do governo africano e ao contrário do que diz as fake news divulgadas pela grande mídia.
De acordo com a jornalista, em comunicado oficial, o governo africano deixou claro que as notícias publicadas pela grande mídia são infelizes e completamente falsas e devem ser vistas como tal. A variante ainda está sendo estudada e investigada e, portanto, seria prematuro tirar qualquer tipo de conclusão ou fazer qualquer afirmação neste momento. Para Karina, a nova variante não tem que trazer nenhum tipo de alarme a não ser o fato de que quanto mais se aplica a injeção, mais variantes são criadas. Quanto mais se pressiona um vírus, mas ele se rebela para se tornar mais forte. Princípio básico da biologia, que muitos insistem em ignorar.
Karina encerrou afirmando que uma coisa é certa: a elite mundial está colocando todos os seus planos em ação, visto que a campanha de inoculação mundial foi um fracasso. “Agora só resta para aqueles que ainda se deixam manipular, aceitar o próximo lockdown, fazer a terceira dose e pronunciar o nome da variante feita para eles sob medida: MU…..
Com o material em mãos e com a ajuda de informações sobre a nova variante publicadas em alguns sites de checagem, o Nujoc averiguou a publicação da jornalista e constatou tratar-se de uma informação que ainda está em fase de estudo, o que não significa dizer que não seja preocupante, visto que a variante Ômicron, como foi batizada pela Organização Mundial de Saúde, possui em sua cepa uma “constelação incomum” de mutações, apresentando cerca de 50, algo nunca visto antes.
A variante descoberta na África do Sul é considerada aquela com maior mutações e apesar dos estudos realizados em cima, é cedo dizer quão transmissível ou perigosa a Ômicron é. Em entrevista coletiva, o professor brasileiro Tulio de Oliveira, diretor do Centro para Resposta Epidêmica e Inovação, na África do Sul, disse que foram localizadas 50 mutações no total e mais de 30 na proteína spike (a “chave” que o vírus usa pra entrar nas células e que é alvo da maioria das vacinas contra a Covid-19). Oliveira disse ainda que a variante carrega uma “constelação incomum de mutações e é muito diferente de outros tipos que já circularam. “Esta variante nos surpreendeu, ela deu um grande salto na evolução e traz muito mais mutações do que esperávamos”, falou ele.
Além disso, a variante Ômicron traz outra preocupação em particular. Trata-se da imunização. Isto porque as vacinas foram desenvolvidas mirando a cepa original do coronavírus, registrada inicialmente em Wuhan, na China e o fato da variante B.1.1.529 ser tão diferente do vírus inicial pode significar que as vacinas não funcionem tão bem.
A nova versão do vírus foi detectada no dia 22 de novembro na província de Gauteng, cuja capital é Joanesburgo. Ele rapidamente se tornou dominante, mas geneticistas como o espanhol Fernando González Candelas estão cautelosos. A variante apareceu quando quase não havia casos de Covid e em uma população com baixo índice de vacinação, o que poderia causar uma miragem. “Tudo torna sua transmissibilidade aparente muito alta, mas não é um resultado definitivo”, diz González Candelas, professor da Universidade de Valencia. O pesquisador alerta para uma possível ameaça, mas acredita que é necessário evitar “agir como se já fosse real”.
O biólogo Iñaki Comas, do Instituto Valenciano de Biomedicina (CSIC), lembra o caso da variante beta ou B.1.351, que também foi detectada na África do Sul e disparou alarmes há um ano. “Achava-se que ia ser parecido e acabou sendo um fenômeno bem local”, enfatiza Comas. “A nova variante carrega uma série de mutações que já foram vistas, mas não combinadas. Vê-los juntos é o que o eleva a ser uma variante sob vigilância. Não tanto porque há dados de que é realmente mais transmissível ou coloca o sistema imunológico em risco, mas porque pode ter potencial para isso. Agora temos que provar “, disse o biólogo.
O fato é que apesar de preocupante, não há estudos concretos que discutam sobre o perigo ou a transmissibilidade da variante Ômicron. E apesar da mesma possuir várias mutações, não necessariamente significa algo ruim, visto o mais importante é saber o que elas provocam. Na pandemia houveram muitos exemplos de variantes que inicialmente pareciam assustadoras, mas acabaram não correspondendo às expectativas ruins.