Cientista inglês, Michael Levitt afirma que Lockdown não teve efeito positivo sobre a curva da COVID 19

 Cientista inglês, Michael Levitt afirma que Lockdown não teve efeito positivo sobre a curva da COVID 19

Em entrevista ao jornal The Thelegraph em 23 de maio, o Prêmio Nobel de Química, Michael Levitt afirmou que as medidas de isolamento radical, com a adoção do Lockdown podem ter causado mais prejuízos sociais do que ter salvado vidas.

Portanto é verdade que o referido cientista fez tal afirmação e sua entrevista pode ser conferida no site do jornal https://www.telegraph.co.uk/news/2020/05/23/lockdown-saved-no-lives-may-have-cost-nobel-prize-winner-believes/, contudo, é válido destacar que Michael Levitt fez a declaração sem nenhum embasamento científico, limitando-se a enumerar possíveis consequências do Lockdown já bastante debatidas na mídia e na sociedade, tais como o aumento da violência doméstica e contra a mulher, aumento do alcoolismo, além dos inúmeros problemas de continuidade de tratamento de outras doenças.

Para Michael Levitt, o Reino Unido poderia adotado somente o uso de máscaras, assim como,  medidas de distanciamento social.

Nesse contexto, vale ressaltar que o Lockdown  enquanto medida obrigatória de isolamento social somente é recomendada quando a transmissibilidade da doença esteja em larga escala em uma determinada sociedade, como acontece hoje em várias cidades brasileiras, acarretando em um grande número de pacientes, com esgotamento do sistema público de saúde e crescente número de mortos.

A pesquisa Intervenções dinâmicas para controlar a pandemia de COVID-19: um estudo de modelagem de previsão multivariada comparando 16 países em todo o mundo publicado no European Journal of Epidemiology  e disponível no link link.springer.com/article/10.1007/s10654-020-00649-w chama atenção para o fato de que as medidas não farmacológicas tem sido até o momento, a base para o controle da pandemia da COVID 19.

Todavia, considerando que tais medidas não podem se arrastar por muito tempo, tendo em vista as consequências econômicas, sociais e psicológicas, muitos países vem relaxando as medidas de isolamento social, o que na visão dos pesquisadores pode ter como consequência uma segunda onda ainda maior de contaminação pelo corona vírus, como aconteceu 100 anos atrás na pandemia da gripe espanhola.

Para os cientistas, medidas de intervenção social dinâmicas com intervalos de distanciamento social relaxado, podem fornecer uma alternativa mais adequada.

No entanto, a frequência e duração ideais dessas medidas dinâmicas intermitentes e o “intervalo” ideal quando as intervenções podem ser temporariamente relaxadas permanecem incertas, especialmente em ambientes com poucos recursos.

A pesquisa trabalha com um modelo de previsão multivariada, baseado na transmissão atualizada e em parâmetros clínicos, para simular trajetórias de surtos em 16 países, de diversas regiões e categorias econômicas.

Em suma o estudo aponta que ciclos dinâmicos de mitigação de 50 dias seguidos por um relaxamento de 30 dias reduziram a transmissão, no entanto, não tiveram êxito na redução de internações em UTI abaixo dos limites administráveis.

Por outro lado, ciclos dinâmicos de supressão de 50 dias seguidos de um relaxamento de 30 dias mantiveram as demandas da UTI abaixo das capacidades nacionais. Por outro lado, o estudo estima que um número significativo de novas infecções e mortes, especialmente em países com poucos recursos, seria evitado se essas medidas dinâmicas de supressão fossem mantidas em vigor por um período de 18 meses.

A pesquisa pressupõe ainda que o “cronograma” de distanciamento social pode ser particularmente relevante para países de baixa renda, onde uma única intervenção prolongada de supressão é insustentável.

A implementação eficiente de intervenções de supressão dinâmica, portanto, confere uma opção pragmática para: (1) evitar sobrecarga e mortes em cuidados intensivos, (2) ganhar tempo para desenvolver medidas preventivas e clínicas e (3) reduzir as dificuldades econômicas em todo o mundo.

A ideia, portanto, é alternar medidas de isolamento mais extremas, com medidas de isolamento voluntárias e distanciamento social, sobretudo, em países com grandes desigualdades sociais, como o Brasil.

No que concerne ao Lockdown adotado no Reino Unido é preciso informar que a medida foi tomada pelo governo no início de abril e se estendeu em estágios mais rigorosos a  mais leves até os dias atuais. Vale destacar que até o momento o Reino Unido tem  265.227 casos confirmados de contaminação por corona vírus e 37.048 mortes por COVID 19 segundo dados da OMS.

Denúncia repassada pelo aplicativo #eufiscalizo

Equipe NUJOC

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