OMS é culpada por pandemia?
Na situação em que nos encontramos, muitos embates vem acontecendo devido às incertezas que nos rodeiam diante desse cenário de pandemia.
A ciência avança a passos imprecisos e cautelosos, tendo inclusive, que reavaliar seus posicionamento para que se possa garantir um parecer seguro e confiável para a população em escala global.
À frente de toda crise sanitária, a OMS tem sido alvo de críticas e acusações graves, em sua grande parte por correntes políticas contrárias às suas recomendações e protocolos. É comum, portanto, o surgimento de notícias falsas relacionadas à organização, tendo em vista a facilidade de propagar informação nas mídias digitais.
Em parceria com o aplicativo @eufiscalizo, recebemos inúmeras notícias vinculadas a perfis em redes sociais que são responsáveis por disseminar fake news ou informações distorcidas de fácil conclusões equivocadas.
Em uma destas, uma postagem feita no Instagram faz acusações a OMS e a culpabiliza pelo atual cenário em decorrência da Covid-19. O início da postagem faz alusão aos estudos referentes à cloroquina.
É fato, que OMS voltou atrás na suspensão do estudos sobre a substância nesta quarta feira (3), e reitera que revisou os dados e não encontrou aumento na mortalidade entre os pacientes que fizeram uso do medicamento publicados pela revista ?The Lancet?.
Sobre este novo cenário, a revista publicou a seguinte nota: “Manifestação de preocupação: Hidroxicloroquina ou cloroquina com ou sem um macrólido para tratamento de COVID-19: uma análise de registro multinacional. Importantes questões científicas foram levantadas sobre dados relatados no artigo de Mandeep Mehra et al. — Hidroxicloroquina ou cloroquina com ou sem um macrolídeo para tratamento de COVID-19: uma análise de registro multinacional — publicado na The Lancet em 22 de maio de 2020. Embora uma auditoria independente da proveniência e da validade dos dados tenha sido encomendada pelos autores não afiliados ao Surgisphere e esteja em andamento, com os resultados esperados muito em breve, estamos emitindo uma manifestação de preocupação para alertar os leitores para o fato de que sérias questões científicas foram trazidas à nosso atenção. Atualizaremos este aviso assim que tivermos outras informações.
Os editores”
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS afirmou que “O comitê de segurança e monitoramento de dados dos ensaios Solidariedade revisou os dados. Com base nos dados sobre mortalidade disponíveis, os membros do comitê decidiram que não há motivo para modificar o protocolo do ensaio. O grupo executivo recebeu essa recomendação e endossou a continuidade de todos os braços do ensaio Solidariedade, incluindo hidroxicloroquina”.
Já a cientista chefe dos estudos pela OMS,Soumya Swaminathan, informou que ensaios clínicos têm comitês de monitoramento e outras equipes específicas para cada grupo e que decidem sobre ele de forma independente e ainda elucida que: “E isso é muito diferente de fazer uma recomendação para o uso da hidroxicloroquina ou qualquer outra droga para tratamento ou prevenção. Esperamos que os ensaios que estão acontecendo continuem até que tenhamos respostas definitivas, porque é disso que o mundo precisa hoje, sobre se uma droga funciona ou não. E isso só pode ser feito por meio de ensaios randomizados bem feitos e bem conduzidos”.
Logo, por imprecisão dos estudos a organização decidiu retornar as pesquisas para que se possa ter, em definitivo, um posicionamento claro e objetivo sobre essa questão. Retomar os estudo não significa recomendar a substância para tratamento contra a Covid-19.
Sobre o uso de máscaras, muitos são as dúvidas referentes ao uso desses equipamentos. Questionamentos sobre a eficácia desse item sempre surgem, porém, inúmeros órgãos recomendam o uso das máscaras como modelo de prevenção de contágio e de contenção da circulação do vírus em meio a pandemia.
Em relação ao alerta de pandemia, no dia 24 de fevereiro deste ano, a OMS reconheceu o potencial pandêmico do vírus, mas até aquele momento não era observado pela organização um espalhamento descontrolado da doença. Em decorrência das novas situações ocasionadas pela Covid-19, a ciência, até então, desconhecia a realidade dos efeitos do vírus no organismo e seu enorme potencial de disseminação.E foi então, no dia 11 de março, 16 dias depois o primeiro pronunciamento, que a OMS declarou estado de pandemia.
“A descrição da situação como uma pandemia não altera a avaliação da OMS da ameaça representada por esse vírus. Isso não muda o que a OMS está fazendo nem o que os países devem fazer” – declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. Muitos países concordaram ao afirmar que este alerta pandêmico foi demorado, tendo em vista o avanço da doença pela mundo, porém, acusar a OMS de conluio com a China, primeiro país a mostrar índices de doença, é tanto conspiratório, quanto nocivo aos avanços científicos e sociais requeridos para que o mundo supere esta situação.