Vídeo de enfermeiro de Cabo Frio exagera ao afirmar que hospitais estão vazios e que estatística de mortes por Covid – 19 é enganosa
Um vídeo de um enfermeiro, que não se identifica, denuncia que o governo está superfaturando a aquisição de respiradores e defende que o alto numero de mortes por Covid – 19 é um dado forjado para criar pânico entre a população.
Este vídeo circula nas redes sociais e foi recebido pelo aplicativo @eufiscalizo.
O enfermeiro também afirma que está em frente a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em Cabo Frio (RJ) e que os leitos de hospital criados para receber pacientes de coronavírus estão todos vazios.
No vídeo, ele também relata que cada leito custa 600 mil reais aos cofres públicos e que os governantes estão comprando respiradores que custam 80 mil reais por um valor maior, de 200 mil reais.
Uma pesquisa nos portais de Cabo Frio nos mostra que a informação sobre leitos vazios é falsa. A cidade possui cerca de 140 mil habitantes e, de acordo com a Secretaria de Saúde local, conta com 707 casos de infectados pelo coronavírus até esta data (25 de junho).
A rede de saúde municipal disõe de um total de 33 leitos de UTI, distribuídos em hospitais de referência e Unidades de Pronto Atendimento (UPA),
De acordo com uma notícia de 20 de junho publicada em um portal local, o hospital Unilagos e a UPA do bairro Parque Burle estavam com 100% de ocupação, enquanto outros centros de referência para tratamento de Covid tinham lotações entre 64% e 50%.
“No caso dos leitos convencionais, os números apontam uma sobrecarga na UPA do Parque Burle, que também se encontra com 100% de ocupação. Na sequência vem a UPA de Tamoios, com 78% dos leitos ocupados; o Hospital de Tamoios, com 69%; o Hospital São José Operário (57%); Hospital do Jardim Esperança (25%) e Hospital Unilagos (23%)”.
Já sobre os custos de respiradores, a informação é correta, mas imprecisa. De acordo com uma auditoria realizada pela Controladoria Geral da União (CGU) e publicada pela Agência Brasil, o custo médio de respiradores é de R$87 mil, e qualquer equipamento com custo superior a 135 mil reais passa por uma análise mais aprofundada da CGU para verificar eventuais irregularidades.
Conforme a Agência Brasil, “O levantamento da CGU começou no dia 15 de abril, abrangendo todos os estados, mais o Distrito Federal, incluindo cada uma das capitais e cidades com pelo menos 500 mil habitantes. No total, foram analisadas compras efetuadas por 377 entes federados (estados e municípios). Além da compra de respiradores, foram analisadas as aquisições de outros insumos para a saúde, como equipamentos de proteção individual, camas hospitalares, desfibriladores, entre outros.”
E, no que diz respeito aos custos de leitos para tratamento de Covid – 19, a estatística está exagerada. Na realidade, a média de custo diário de manutenção de um leito é de R$1,6 mil a R$3000 reais, muito abaixo da informação errada de R$600 mil alarmada pelo enfermeiro.
Diversos estudos podem ser acessados, como o “Quanto Custa?” da Unicamp e do Ministério da Saúde.