Mortalidade de pacientes na UTI por Covid-19 caiu desde início na pandemia?
Sim! Porém, a realidade desses números no Brasil ainda se mantém em instabilidade!
Semana passada, a Universidade de Bristol no Reino Unido, publicou um artigo em que os dados apontam para uma redução no número de pacientes infectados pelo novo coronavirus em leitos de UTI. Essa informação é verdadeira, porém, no que se refere ao Brasil a realidade mostra-se um pouco diferente dos países analisados na pesquisa.
Desde o anúncio da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em março desse ano,o Brasil tem passado por uma grande instabilidade no registro do número de mortes por covid-19, em destaque, no que consiste a pacientes que deram entrada nas Unidades de tratamento intensiva.
Atualmente um dos critérios utilizados para medir o avanço da epidemia causada pelo novo coronavírus, refere-se ao número dos registros de morte e do número de infectados apontados em pesquisas sorológicas. Também é levado em conta a redução da taxa de ocupações em leitos de UTIs e de hospitalizações.
Recentemente, uma pesquisa realizada pela NHS Foundation Trust e da Universidade de Bristol (Reino Unido) mostrou dados que apontam para uma queda no número de mortes de pessoas em uti pelo novo coronavirus.
Segundo o relatório, os números tiveram uma queda de 59,5% no final de março para 41,6% no final de maio em países do hemisfério norte. Uma estimativa de redução de quase um terço. Os resultados dessa pesquisa foram publicados no periódico científico Anaesthesia. Confira na íntegra os resultados do estudo ?aqui?.
Entenda o estudo.
Para chegar a essas estatísticas os pesquisadores revisaram 24 estudos observacionais que envolviam mais 10.00 pacientes adultos nos continentes da Ásia, Europa e América do Norte.
Entretanto vale ressaltar que, apesar de haver sim uma redução na mortalidade média de infectados que deram entrada em unidades de terapia intensiva, essa taxa ainda permanece alta, segundo os autores. E apontam para um percentual de 40% de internados, que vem a ser o dobro da mortalidade registrada em UTIs para outras pneumonias virais, que é de cerca de 22%.
Os dados analisados são de pacientes de pelo menos oito países diferentes sendo esses China, Estados Unidos, França, Canadá, Dinamarca, Países Baixos, Hong Kong, Itália, Singapura, Espanha e Reino Unido, onde a China é o país com mais relatórios revisados pela equipe de autores, totalizando oito relatórios revisados.
O estuda aponta que esta melhoria na redução de ocupação de leitos em UTI, se dá pela maneira como as instituições de saúde de cada país vem lidando com o vírus até o momento, desde o início da pandemia até agora descobertas como o uso dexametasona como medicamento efetivo contra os efeitos da covid-19 em pacientes graves, até tratamentos paliativos reforçados por protocolos sanitários como distanciamento, isolamento social, uso de máscaras e higiene das mãos, são medidas que tem auxiliado nações a promover avanços na redução de casos, tanto no número de mortes quanto no número de infectados pelo novo coronavirus.
Não estava claro no início do ano como as formas de contágio poderia acontecer nem muito menos o sistema de saúde estava preparado para atender uma alta demanda de internações que requeriam infraestrutura adequada para acolhimento, detecção e tratamento de pacientes internados por coronavirus.
“[A queda de mortalidade] pode ser reflexo do rápido aprendizado que ocorreu em escala global devido à pronta publicação de relatos clínicos no início da pandemia. Também pode ser que os critérios para internação em UTIs tenham mudado com o tempo, por exemplo, com maior pressão nas UTIs no início da pandemia”, afirmam os autores.
Segundo a pesquisa, os autores realizaram uma revisão sistemática e uma metanálise, para avaliar a mortalidade relatada em UTIs para pacientes com COVID – 19 confirmados. Foram pesquisados as informações nos bancos de dados da MEDLINE, EMBASE, PubMed e Cochrane até a data de 31 de maio de 2020 para estudos que relatam mortalidade em UTI por pacientes adultos admitidos com COVID – 19. O critério principal foi a morte em terapia intensiva como uma proporção de internações na UTI concluídas, seja por alta da UTI ou por morte. Portanto, não incluiu pacientes anda vivos na UTI.
“Uma descoberta clinicamente importante é que a meta-regressão por mês de publicação revelou uma redução significativa nas taxas de mortalidade relatadas ao longo do tempo. Os primeiros relatórios vieram da Ásia, em particular da China, seguidos de relatórios da Europa e, posteriormente, da América do Norte; no entanto, a redução ao longo do tempo ainda estava presente após o ajuste para a localização geográfica.”
A situação do Brasil.
Tanto a taxa de mortalidade quanto a do número de infecções pelo novo coronavírus mostra-se estável apenas em algumas regiões do país, enquanto em outras continua em alta. Na região sul do país, por exemplo,a taxa de ocupação de UTIs se mostra baixa, mas contrapartida, o número de infectados e de novos casos confirmados está em ascensão.
Segundo reportagem do ?G1, nessa quarta-feira (22),? a taxa de ocupação de UTIs em São Paulo, nas cidades de Mogi das Cruzes e Suzano voltou a subir. O índice estava em 55,3%. Três hospitais estaduais da região atendem a pacientes com a doença e a ocupação é maior no Hospital Santa Marcelina, em Itaquaquecetuba, com cerca de 73%. A Média de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 volta a subir e está em 58,3% nos hospitais estaduais do Alto Tietê.
Ontem a ?Santa Casa de Sorocaba? atingiu a marca de 100% de ocupação.
Santa Catarina chegou a ultrapassar em média 800 mortes? por coronavírus e a taxa de
ocupação de leitos de UTI chega a 79,4%.
Só em Joinville contabiliza-se 103 óbitos por Covid-19. O estado tem 62,2 mil casos confirmados da doença e a ocupação de leitos de UTIs chegou a superar a marca de 80% em pelo menos em 13 capitais.
Esse aumento de casos pode estar relacionado diretamente à flexibilização das atividades econômicas antes do período estipulado para a queda da curva de contágio, quando o índice de circulação do virus ainda é muito alto.
O Piauí mantém um posto de estabilidade, e aparente diminuição do número de casos, chegou a uma redução de 26%, segundo o consórcio de veículos de imprensa com base nos dados das secretarias estaduais de saúde.