Áudio recomenda profilaxia com ivermectina contra a Covid-19
A mensagem anônima é do tempo em que Nelson Teich era ministro da Saúde
Um áudio anônimo que defende o uso profilático da ivermectina está circulando novamente pelo WhatsApp. O Nujoc recebeu a mensagem pelo aplicativo Eu Fiscalizo, da Fiocruz (disponível para Android e iOS). A mensagem, que tem cerca de sete minutos de duração, inicia com o que seria uma reposta da pessoa que está falando para alguém da audiência.
A pessoa afirma que trabalha com a ivermectina desde 2016, e que percebeu o potencial do remédio no tratamento da chikungunya, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Ao aplicar o medicamento em pacientes com chikungunya, percebeu os efeitos antivirais para o tratamento daquela doença, baseando-se em experiências em outros países.
Segundo o relato, o profissional teria tentado implantar o protocolo para tratamento da chikungunya em 2019 no Rio de Janeiro, mas “o PT na Fiocruz atrapalhou”. Diz: “A petezada, essa petralhada que eu odeio toda, impediu”.
Depois disso, em contato com pesquisas desenvolvidas em outras lugares do Brasil e do mundo, ele percebeu o potencial da medicação contra a Covid-19 e estaria finalizado um protocolo para tal finalidade. Diz ainda que as mortes pela doença são uma mentira: “É uma bomba, uma arma do governo mundial, e aqui é uma arma política”. Como prova, diz que uma prima em Milão lhe falou isso.
O áudio finaliza com recomendações sobre a dosagem do medicamento, e com o incentivo para que todos o utilizem de forma preventiva à Covid-19: idosos, diabéticos, hipertensos, obesos. “Vai em frente”, conclui.
A ivermectina não tem ação profilática contra o novo coronavírus e seu uso não é recomendado pelas autoridades de saúde. Também não é verdade que as mortes pela Covid-19 estejam superdimensionadas, como sugere o áudio. Nesta matéria aqui você pode conferir mais sobre as estatísticas ligadas à Covid-19.
Posição – Até o momento não há tratamento preventivo contra a doença causada pelo novo coronavírus. Drogas como a ivermectina, a cloroquina e a hidroxicloroquina, defendidas por grupos políticos e alguns poucos profissionais da área médica, não demonstraram eficácia nos estudos realizados até agora. A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia se posicionou sobre o tratamento profilático com essas drogas, condenando-os, como você pode conferir neste texto, de 29 de junho.
Em certo trecho do áudio se pode ouvir a menção a Nelson Teich como ministro da Saúde (de 17 de abril a 15 de maio deste ano), o que demonstra se tratar de uma mensagem datada, além de falsa.
O NUJOC já fez diversas checagens sobre o tema da ivermectina, como esta aqui, que mostra os riscos da automedicação e da profilaxia, e esta, sobre uma retratação da Anvisa na orientação sobre o remédio.