Principal teste para detecção da Covid-19 pode estar diagnosticando falso positivo?
Estudiosos de Oxford revisaram estudos e constataram algumas evidências de que o teste PCR pode dar um falso diagnóstico positivo. Entenda o caso.
O teste PCR, principal meio de detecção do Sars-Cov-2 no organismo humano pode estar dando diagnóstico de falso positivo. Os resultados foram publicados por meio de uma revisão de estudos realizado pelo Centro de Medicina Baseada em Evidências da Universidade de Oxford.
Carl Heneghan e alguns colegas revisaram estudos a respeito do exame e constataram que o que pode estar acontecendo é que o teste deve estar detectando fragmentos do vírus morto ou de infecções passadas e inativas. Os resultados dessa revisão sugerem que esta metodologia de investigação que vem resultando em diagnósticos falso positivos pode estar relacionada ao aumento de casos de Covid-19 pelo mundo sem que, em contrapartida, haja um aumento de hospitalizações em decorrência do vírus como é esperado.
Segundo reportagem da BBC , os responsáveis revisaram estudos científicos nos quais espécimes de vírus de testes positivos foram colocados em uma placa de Petri, de forma a avaliar se essas espécimes cresceriam. Esse método de “cultura viral” pode indicar se o teste positivo de fato captou vírus ativos, capazes de se reproduzir e se espalhar, ou se captou fragmentos de vírus mortos, incapazes de crescer no laboratório ou em um corpo humano.
Apesar de haver a necessidade de uma investigação maior a respeito da eficácia do teste e da própria genética do vírus, Carl afirma que “há evidências de uma relação entre o tempo da coleta de uma espécime, a severidade dos sintomas e as chances de alguém ser infeccioso”.
Se comprovada, essa tese pode evidenciar também uma dificuldade em criar estratégias de isolamento e mapeamento de infecções, visto que existe a possibilidade de médicos estarem colocando em isolamento de maneira desnecessária pessoas que já estão curadas do novo coronavírus e não apresentam potencial de contágio para a sociedade em geral.
A respeito da realização do exame e do método utilizado, em entrevista cedida ao portal da Faculdade de Medicina da UFMG, de acordo com a professora Glaucia Queiroz Andrade, docente do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, esse teste deve ser realizado no início da doença, especialmente na primeira semana, quando o indivíduo possui grande quantidade do vírus Sars-CoV-2.
As amostras são coletadas através de swabs (cotonetes) de nasofaringe (nariz) e orofaringe (garganta). A abordagem do exame, no momento, é do profissional de saúde que está atendendo o paciente no hospital, ambulatório ou consultório. Isso porque é preciso saber a fase da doença para a coleta da amostra.
“Se o vírus Sars-CoV-2 for pesquisado muito precocemente após o contato suspeito, o indivíduo pode estar infectado, mas ainda sem vírus detectável (resultado de RT-PCR falso-negativo). O mesmo resultado pode ser encontrado se a amostra for coletada após o desaparecimento do vírus (mais de 3 semanas de doença) ”, explica a professora.
A professora ainda alerta que: “Resultados falso-positivos podem levar à quarentena desnecessária e problemas para rastreamento dos contatos; enquanto resultados falso-negativos podem levar à não identificação de pessoas infectadas e disseminação da infecção”, alerta a professora.
Por isso, a especialista frisa que os resultados dos testes devem ser sempre avaliados por um profissional de saúde, “que pode solicitar a repetição do exame ou a realização de outros exames”.
Mesmo com estas evidências e revisões de estudos, alguns especialistas alertam para a diferença entre vírus que são testados e consultados em ambientes controlados, tais como os laboratórios específicos, e sua possibilidade de infecção fora dele, sobretudo, no organismo humano, o que por si só elucida uma situação completamente diferente das estudadas em exames laboratoriais
Logo, é de suma importância que a testagem seja adaptada a uma linha de corte que traga mais informações a respeito do resultado para os pacientes, em vez de apenas prover um resultado “sim/não” com base na detecção do vírus. Os exames deveriam ter uma linha de corte para impedir que ínfimas quantidades de vírus não levem a um resultado positivo.
E assim, evitar informações precipitadas a respeito dos resultados obtidos nos exames, e ainda, o teste é muito sensível e está vulnerável à contaminação por agentes externos. Portanto, para evitar falsos positivos também por esse motivo, locais que estejam aumentando sua capacidade de testagem devem fazê-lo com um rígido controle de segurança laboratorial.