Brasil é o primeiro país do BRICS e o segundo da América Latina com mais doses de vacinas aplicadas contra a COVID-19?
Recebemos, por meio de parceira com o aplicativo Eu Fiscalizo da Fiocruz (disponível para Android e iOS), a publicação no instagram da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). No post, a parlamentar cita artigo do The New York Times ao afirmar que o Brasil ocupa o primeiro lugar entre os BRICS (agrupamento econômico composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e o segundo lugar na América Latina em relação a disponibilidade de vacina contra a COVID-19. Os dados levam em consideração a aplicação de doses a cada 100 habitantes.
A informação extraída do artigo do The New York Times é verdadeira, no entanto não há motivo de comemoração. Cada país tem uma situação diferente, não basta apenas observar os números absolutos de vacinação, é necessário atentar para a proporção de vacinas aplicadas na população e, posteriormente, com o aparecimento de resultados: queda na taxa de contaminação pelo vírus e diminuição das internações hospitalares.
No ranking apresentado pelo veículo estadunidense, os países que mais vacinaram a cada 100 habitantes são Israel com 8,211,997 representando 92.4 %; Seychelles com 79,438 constituindo 82.1%; e Emirados Árabes com 6,028,417 doses administradas resultando 62.6%. Nesta lista o Brasil aparece na posição de número 47 com um total de 8,465,403 doses aplicadas ao total, o número corresponde à 4%, sendo 3,1% pessoas que receberam apenas a primeira dose, e 0,9% que já tomou a segunda dose da vacina contra a COVID-19.
Olhando para os companheiros de BRICS, a Índia já vacinou 14,301,266, isto é, o número reflete a apenas 1,1% no 1,353 bilhão de pessoas que vivem no país. Enquanto isso, a China realizou a aplicação de 40,520,000 doces, ou seja, somente 2.9% do 1,393 bilhão receberam a vacina. Apesar de terem vacinados mais pessoas, estes países figuram em posições inferiores ao Brasil, uma vez que, possuem populações superiores em comparação ao Brasil que detém o total de 209,5 milhões de habitantes. Reflexo da proporção da disponibilidade de vacinas a cada 100 habitantes.
Agora em termos de América Latina, o Chile encontra-se numa situação mais confortável que o Brasil. O país tem 18,73 milhões de habitantes e já vacinou 3,490,572, 18.6% da população, ocupando a nona posição no ranking divulgado pelo The New York Times.
Ao encerrar a publicação, a deputada Carla Zambelli ainda alega “Esse tipo de boa notícia você não verá em grande parte da imprensa”. A situação da pandemia de COVID-19 no Brasil continua sem motivos para celebrar e ter boas notícias. Com informações do Consórcio dos Veículos de Imprensa, o país bateu um novo recorde nesta terça-feira (02), 1.726 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 257.562 óbitos desde seu começo. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 1.274. A variação foi de 23% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença.
O número de mortes em 24 horas contabilizado no Brasil nesta terça-feira (02) é superior ao registrado preliminarmente nos Estados Unidos na segunda-feira (1º) e compilado nos principais painéis de monitoramento. Segundo a Johns Hopkins, os EUA tiveram 1.567 mortes. O número é semelhante ao verificado pela plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford, que aponta 1.565 mortes no país. Os EUA somam, desde o início da pandemia, 515.985 óbitos.
No placar mundial o Brasil posiciona-se em terceiro lugar no número de pessoas contagiadas, são 10.587.001, contra 28.698.911 dos Estados Unidos e 11.124.527 da Índia. Em relação ao índice de mortes o Brasil fica em segundo lugar, perdendo apenas para Estados Unidos com 515.203 de óbitos pela COVID-19.