Vídeo causa polêmica ao dizer que vacina contra Covid-19 gera doença autoimune
Publicação compartilhada nas redes sociais usa informações enganosas para defender teoria de que a vacina contra covid-19 faz mal.
As famosas ‘fake news’ não param de circular. Após o aparecimento da vacina conta a Covid-19 a disseminação dessas informações falsas só aumentou.
Um vídeo enviado pelo aplicativo Eu Fiscalizo causou polêmica nas redes sociais ao dizer que a o imunizante contra a doença poderia gerar uma doença autoimune, além de modificar o código genético da pessoa.
Em entrevista ao Estadão, o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Flávio Fonseca, disse que não vê sentido nas afirmações na alegação de que as vacinas com tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) — caso de Pfizer e Moderna — poderiam causar doenças autoimunes, e que não encontra qualquer respaldo no meio científico.
Essas duas vacinas contêm fragmentos genéticos da proteína espinhosa (spike) utilizada pelo coronavírus para infectar células humanas. O objetivo do imunizante consiste em levar até as células instruções para “ensiná-las” a produzir a proteína do vírus. Com isso, elas desenvolvem a capacidade de reconhecer e anular a proteína spike em caso de infecção. A tecnologia de RNA mensageiro deve marcar o início de uma nova era na fabricação de imunizantes, abrindo caminho para tratamentos inovadores contra câncer, problemas cardíacos e várias doenças infecciosas.
As doenças autoimunes ocorrem quando o sistema imunológico confunde células saudáveis com agentes invasores e passa a “atacar” o próprio corpo. Artrite reumatoide, lúpus e esclerose múltipla são alguns exemplos. “A ideia por trás dessa história é que as vacinas de mRNA poderiam gerar anticorpos anti-RNA e criar a doença autoimune”, relata Fonseca. Mas essa situação não foi identificada em nenhuma etapa do desenvolvimento das vacinas, afirma o especialista. “As pessoas estão expostas o tempo todo a diferentes tipos de vírus, que têm RNA no genoma, e nem por isso desenvolvem a autoimunidade”.
Pelo Twitter, a médica epidemiologista e vice-presidente do Sabin Vaccine Institute, Denise Garrett, também desmentiu o boato em novembro. “Essa preocupação é porque algumas plataformas de mRNA testadas anteriormente induzem respostas potentes do interferon tipo 1 (moléculas com alta atividade antiviral, produzidas pelo corpo) que foram associadas à inflamação e potencialmente à autoimunidade. Isso não foi observado nas vacinas que estão sendo testadas para a Covid”, escreveu ela.
Vacinas sobre plataformas de DNA ou RNA não alteram o código genético de células humanas como já foi mencionado pelo Nujoc Checagem. O objetivo de uma vacina é estimular a produção de anticorpos contra um determinado patógeno.
De acordo com a OMS, essa abordagem oferece algumas vantagens sobre os métodos mais tradicionais. Em primeiro lugar, elas eliminam a necessidade de inserir qualquer agente infeccioso, como um vírus enfraquecido, no corpo humano.
Portanto, todas as informações contidas no vídeo baseadas nas explicações das teorias apontadas são falsas.