A pandemia do novo coronavírus possui relação com o livro de Apocalipse e o fim do mundo?
Recebemos, no aplicativo Eu Fiscalizo da Fiocruz (disponível para Android e IOS), a publicação do vídeo “o nome, o número e a marca da besta estão aqui!” do canal Verdade Revelada publicado no Youtube, que traz quase 29 mil visualizações para ser checada. O vídeo faz uma análise baseada no livro do Apocalipse da bíblia acerca dos últimos acontecimentos que envolveram o globo, a exemplo da pandemia do novo coronavírus e as consequências tecnológicas e comerciais criadas a partir disso. Começa afirmando que um homem sábio consegue discernir o tempo e o juízo dos acontecimentos e que o momento atual seria ideal para fazer isso, já que pode trazer grandes revelações.
Segundo o autor Neemias Gomes, afirma que os médicos não estão contando tudo o que está acontecendo, como todos os efeitos colaterais, por exemplo, para a grande maioria das pessoas, mas que as implicações disso serão eternas. Baseado nas passagens bíblicas, as falas do moço no vídeo são fundadas em planos escatológicos, que é uma parte da teologia e filosofia que em palavras simples encontra nos últimos acontecimentos do mundo justificativas para o seu fim
Uma matéria da CNN relata que o não impedimento de falsos profetas em situações como esta, em que o coronavírus é um sinal de que estamos no fim dos tempos é danoso para a população. Isso porque uma pandemia faz com que as pessoas fiquem com medo e assim permitem que ‘previsões’ atuem em suas vidas dando sentido a elas.
No tocante ao vídeo, é feita uma leitura de uma passagem do livro de Apocalipse (capítulo 13, versículo 15):
“Ela recebeu a permissão de infundir espírito na imagem da primeira Besta, para que esta imagem pudesse falar. E ainda: podia fazer com que todos os que não adorassem a imagem fossem mortos.”
Sobre essa passagem, o “profeta” do vídeo afirma que a imagem da besta, após ser criada, vai ser infundida através de um sistema de inteligência artificial ou através do 5G e, que após isso ganhará um nome anti-messias que representará a destruição eterna.
No que concerne a esses avanços tecnológicos: O 5G, por exemplo,, pretende trazer uma padronização global para os telefones móveis com uma internet mais veloz. Já a inteligência artificial objetiva executar funções que caso fossem feitas pelo um ser humano seriam consideradas inteligentes, como capacidade de raciocínio, por exemplo. No entanto, isso nada tem a ver com nenhuma profecia apocalíptica que conecta todos a um sistema da besta.
O autor diz ainda que todos serão marcados com o sinal da besta (666), cuja marca é perceptível, e ainda infere que se adquire este número quando se mede a temperatura na testa. Também afirma que outros números como PIX e a o renda universal seriam números comerciais da besta também, e aqueles cadastrados consequentemente perderam a sua salvação.
Em consonância com a matéria da CNN traz Timothy Beal que escreveu uma biografia sobre o apocalipse, ele relata que o famoso número da besta (666) que está no último livro da bíblia não se refere a satanás, mas é uma referência a outra encarnação do mal para os primeiros cristões: Nero, o imperador romano. Beal destaca também que é muito errado associar o livro de apocalipse com a COVID-19, porque, além de errar a interpretação das escrituras, pode prejudicar a saúde psicológica das pessoas.
Diante disso, o fim do mundo, ainda na matéria da CNN, Ulrich Lehner, teólogo católico, ao se deparar com pregadores em redes sociais avisando que o COVID-19 significa o fim do mundo ele se sente tentado a responder de volta com : “ Mateus 24:36” (Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão só o Pai). Lehner enfatiza que esses profetas estão sendo movidos pelo pecado orgulho e possuem uma autoconfiança inchada, uma vez que acreditam ter uma visão especial dos acontecimentos do mundo ancorados nas escrituras e acabam criando pânico em massa desnecessário quando partilham tais ideias.
Vale salientar ainda, que o livro de apocalipse não trata do fim do mundo especificamente, mas do fim do mundo do autor, um judeu devoto e seguidor de Jesus, que lutava para entender como o império romano invadiu Jerusalém em 70 D.C e incendiou seu grande templo depois de anular uma revolta judaica.