A pandemia é mais uma teoria conspiratória da esquerda mundial?
O escritor e cineasta Dinesh D’Souza aposta que sim
Está circulando pelo WhatsApp um trecho de entrevista em que a ativista americana conservadora Candace Owens conversa com o comentarista político e escritor indo-americano Dinesh D’Souza. São cerca de dois minutos e meio nos quais o escritor responde à pergunta: qual a diferença entre comunismo e socialismo? “O comunismo é um sistema político e o socialismo é, grosso modo, um sistema econômico”, explica o entrevistado.
No final da explanação, o autor faz afirmações sobre o que ele vê como o uso político e ideológico da pandemia do novo coronavírus pela esquerda: “Voltando ao coronavírus por um segundo: você sabe, a esquerda precisa hoje da política do medo”. Essa seria, segundo ele, a forma de nos manterem em estado de frenesi permanente.
Ainda segundo D’Souza, o filósofo alemão Karl Marx, que inspirou as ideias comunistas e socialistas, não pensava que o medo seria necessário, pois acreditava que a revolução era algo científico e aconteceria automaticamente, por uma lei da história: “Mas os operários nunca se rebelaram contra a classe capitalista em nenhum lugar do mundo, nem no tempo de Marx, nem hoje em dia”. A esquerda teria percebido que Marx estava errado quanto a isso, que não há nada de científico no socialismo.
“O que precisamos é de pânico”, seria o raciocínio da esquerda, que desde os anos 70 passou a dizer: “Estamos ficando sem comida”. Nos anos 80, espalhou o medo do apocalipse nuclear. Nos anos 90, disseminou o temor pela destruição da camada de ozônio. E, nos últimos 20 anos, alardeou as mudanças climáticas, e o avanço no nível dos oceanos.
Atribuir à esquerda a disseminação do medo como estratégia política para confundir a população não tem fundamento nos fatos. Tanto a ameaça nuclear como os problemas ecológicos são fatos mundialmente comprovados, que vem exigindo enormes esforços de parte dos países no mundo inteiro – sejam eles governados pela esquerda, direita ou centro – para sua superação ou controle.
Com isso, chega-se ao quadro da pandemia da Covid-19, que o escritor interpreta como mais uma estratégia da esquerda para colocar todo mundo em pânico: “E agora, com o coronavírus, o tema é o mesmo: queremos silenciar as pessoas racionais e criar um estouro da boiada”. Isso porque as pessoas agiriam de modo diferente quando estão na multidão, sem a racionalidade do indivíduo isolado. “Se você fizer as pessoas acreditarem que suas vidas estão em perigo, e que elas precisam correr, então elas se comportam e fazem coisas e se submetem a irracionalidades”, afirma Dinesh.
A pandemia da Covid-19 vem sendo usada na disputa ideológica por todas as correntes do espectro político. Atribuir à esquerda a manipulação dos dados para criar pânico entre as pessoas é no mínimo uma generalização perigosa. Via de regra, o que se tem observado é muito mais o alinhamento dos campos progressistas ao lado da ciência – independentemente do viés político –, contrapondo-se ao obscurantismo e ao sectarismo dos que colocam a ideologia acima de tudo – também independentemente do viés partidário.
O NUJOC já analisou comentários que incorrem em generalizações ou inverdades para sustentar um argumento em detrimento dos fatos. Nessa matéria aqui, checamos a opinião de jornalista brasileiro sobre a Organização Mundial da Saúde. Nesta outra aqui, analisamos um vídeo que questiona os números da pandemia no Brasil.