Anticorpos da infecção natural duram mais tempo que a imunização das vacinas?
Por Edison Mineiro
O Nujoc recebeu para verificação uma publicação do instagram da página @verum_vitae_ que estabelece comparações entre a imunidade adquirida por meio das vacinas e a obtenção de anticorpos através da infecção natural. A página já conhecida por difundir falsas informações, ainda insere na legenda do post “De forma alguma esse post é anti-imunizante”.
Na postagem não há indicação da fonte que explica a vantagem superior da infecção natural, assim como o acesso ao site do “Institutum Vitae”, que mantém o instagram, precisa ser pago pelos internautas. O conteúdo, portanto, é falso.
Recomendada pelos órgãos sanitários e médicos, a resposta imune das vacinas dura mais tempo que a contaminação natural, por isso são a melhor forma de combater o vírus da Covid-19. Conforme, aponta argumento da Fundação Oswaldo Cruz:
“Pessoas com casos mais graves de Covid-19 tendem a ter uma resposta imunológica mais robusta do que as pessoas que tiveram uma infecção branda ou assintomática, no entanto, quando comparamos as respostas após a infecção com os resultados após a vacinação, a resposta imunológica é consideravelmente melhor por meio da vacinação do que por meio da infecção natural”.
A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) também ressalta a importância da vacina e recomenda a aplicação da terceira dose.
“Em fevereiro de 2022, ainda estamos aprendendo quanto tempo dura a proteção das vacinas contra a COVID-19. Os dados disponíveis sugerem que a maioria das pessoas que se recuperam da COVID-19 desenvolve uma resposta imune que oferece pelo menos seis meses de proteção contra a reinfecção, embora ainda estejamos descobrindo a potência dessa proteção. Para melhorar ainda mais a proteção, a OMS recomenda que todas as pessoas elegíveis recebam uma dose de reforço de quaisquer vacinas contra COVID-19 aprovadas pela Organização assim que forem oferecidas a elas”.
Nesse sentido, fica claro a eficácia das vacinas, uma vez que a produção de anticorpos apenas pelo contato com o vírus coloca em risco a vida do paciente. Os imunizantes administrados reduzem o índice de hospitalizações e, sobretudo, o número de óbitos.
De acordo com estudo publicado pelo período científico The Lancet em março de 2022, a taxa de anticorpos obtidos por meio da vacina cai em comparação aos seis meses de aplicação da segunda dose.
Conforme indica a Revista Veja em análise ao estudo, a partir da combinação dos dados, os pesquisadores estimaram uma mudança média na eficácia dos imunizantes com o esquema primário, com duas doses, ao longo do tempo. Apesar da redução da eficácia da vacina com o passar dos meses, algo que já era esperado e divulgado por cientistas, a análise permitiu observar que os vacinados têm a proteção contra as situações críticas preservadas, inclusive entre os idosos.
Retornando a publicação da Verum Vitae no instagram, na imagem é destacada a superioridade da produção de anticorpos pela variante ômicron em relação às vacinas. De acordo com a CNN Brasil, pesquisadores dos Estados Unidos encontraram evidências de que pessoas infectadas pela variante Ômicron apresentam índices mais baixos de anticorpos em comparação com os contaminados pela variante Delta.
“A Ômicron, aparentemente, gera uma resposta imune menor quando comparada com pessoas infectadas pela Delta. Nesse estudo, pessoas que desenvolveram a doença severa tiveram uma resposta imune muito melhor do que aquelas que pegaram a Ômicron ou a Delta com uma severidade menor da doença”, explica a CNN Brasil o microbiologista Luiz Almeida, pesquisador do Instituto Questão de Ciência.