As vacinas Coronavac e de Oxford têm eficácia em idosos?
Página “O Desesquerdizador” tenta deslegitimar uso da vacina Coronavac em idosos ao utilizar captura de tela de reportagem da CNN Brasil
Recebemos, por meio de parceira com o aplicativo Eu Fiscalizo da Fiocruz (disponível para Android e iOS), a publicação do instagram “O Desesquerdizador” com a captura de tela de matéria veiculada pela CNN Brasil com o título “Butantan não confirma eficácia da Coronavac em idosos” e divulgada em 29 de janeiro de 2021. A página além de se referir a reportagem do veículo de comunicação desdenha das vacinas contra a COVID-19 ao tecer a seguinte afirmação “Importante é encher os bolsos das fabricantes de vacina, estão passando dificuldades, tadinhos”.
A página do instagram não aprofunda acerca do conteúdo noticioso. É nítido que o recorte da imagem é descontextualizado com finalidade de atacar o desenvolvimento das vacinas contra a COVID-19.
Verificamos a reportagem produzida pela CNN Brasil que segue disponível aqui. Na matéria as informações expostas ao público é que não havia naquele momento constatação da eficácia da Coronavac em idosos, uma vez que os voluntários que participaram dos testes da fase 3 eram pessoas entre 18 e 59 anos. Outra informação também mencionada no vídeo é que a Alemanha não recomendava a vacinação de pessoas a partir de 65 anos com a vacina da Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca.
De acordo com a Comissão de Vacinação alemã (STIKO), “a vacina contra Covid-19 da AstraZeneca é atualmente recomendada apenas para pessoas com idade entre 18 e 64 anos”. Este parecer especifica que “os dados atualmente disponíveis são insuficientes para avaliar a eficácia das vacinas em pessoas com mais de 65 anos”.
Com informações do Uol, o CEO da AstraZeneca, Pascal Soriot, chegou a reconhecer que há “um volume limitado de dados sobre a população idosa” e considerou “possível” que alguns países prefiram não administrá-la a essa faixa da população por enquanto.
O governo britânico, cujo país aprovou a utilização desta vacina, inclusive para idosos, declarou que as autoridades sanitárias locais avaliaram o imunizante como “muito bom e eficaz”, sem dar detalhes sobre uma possível diferença de ação em função da idade das pessoas imunizadas.
Em 12 de fevereiro, a OMS realizou a recomendação do imunizante desenvolvida pela Universidade de Oxford para ser aplicada em adultos de todas as idades, inclusive em idosos.
A posição da OMS foi na direção contrária da indicação mais recente feita por alguns países da Europa como Alemanha e Áustria, que decidiram não aplicar a vacina de Oxford em pessoas com mais de 65 anos, por não haver estudos conclusivos sobre sua eficácia para essa faixa etária.
Segundo a BBC Brasil, a decisão foi tomada mesmo que ainda esteja sendo investigada a taxa de eficácia específica para pessoas com mais de 65 anos — os estudos clínicos apontaram que o imunizante tem uma eficácia global de 82% após a aplicação da segunda dose, quando consideradas todas as faixas etárias acima de 18 anos.
Alejandro Cravioto, presidente do comitê de especialistas da OMS, disse que a urgência criada pela pandemia é muito grande para aguardar por estes resultados.
A prioridade neste momento é impedir que as pessoas desenvolvam formas graves da doença e morram, e a vacina de Oxford demonstrou ser capaz de fazer isso, explicou ele.
E a vacina coronavac, tem eficácia em idosos? – Em matéria veiculada pelo Olhar Digital em 16 de fevereiro, um novo estudo demonstra uma boa resposta imunológica em pessoas com mais de 60 anos.
O estudo foi publicado na revista The Lancet, para acessar clique aqui. A publicação reforça algumas declarações do Butantan sobre a resposta conferida entre os mais velhos. Dimas Covas, diretor do instituto, e o governador de São Paulo, João Doria, repetiram algumas vezes que a vacina produziu anticorpos em 98% das pessoas na faixa etária de mais de 60 anos, o que foi confirmado com a publicação do artigo.
Retomamos a publicação da CNN para ressaltar que a vacina Coronavac é segura. No post, o Instituto Butantan fez alguns comentários pontuando a eficácia do imunizante. Confira abaixo: