Bilionários chineses aumentaram sua riqueza em 41% durante a pandemia?
Segundo dados de Bancos Mundiais, sim.
A pandemia provocada pelo novo coronavírus instaurou uma crise mundial jamais vista. As consequências se espalharam por todos as esferas sociais, desde as instancias políticas, sanitárias e econômicas, até mesmo humanitárias com a disputa por recursos, materiais de proteção individual e agravamento dos índices de pobreza.
O novo coronavírus trouxe à tona fragilidades de nosso sistema econômico que expôs como as desigualdades sociais evidenciam uma enorme falta de planejamento e distribuição de riquezas bastante deficitárias para muitas camadas sociais. A alta na procura de materiais essenciais como álcool em gel, máscaras e até mesmo itens da cesta básica, faz com que a demanda aumentasse e com isso, os produtores se beneficiaram desse desdobramento da crise.
Só para termos uma ideia, no Brasil o preço do tomate e do arroz, tiveram aumento de 12,98% e de 3,8% respectivamente no mês de agosto. Uma saca de arroz de 50 quilos teve um aumente de 116% desde o início do ano, o que representa em linhas gerais, uma alta de 42%, segundo dados da Esalq, entidade ligada a Universidade de São Paulo. O IBGE aponta que no mês de setembro, a maior variação (2,28%) e o maior impacto (0,46 p.p.) no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) vieram do grupo alimentação e bebidas, que acelerou em relação ao resultado de agosto (0,78%), puxado principalmente por alimentos para consumo no domicílio (2,89%), com o aumento nos preços do óleo de soja (27,54%) e do arroz (17,98%), que já acumulam no ano altas de 51,30% e 40,69%. Juntos, arroz e óleo de soja tiveram impacto maior (0,16 p.p) que as carnes (0,12 p.p), cuja a variação foi de 4,53%.
“O arroz (3,08% em agosto) acumula alta de 19,25% no ano e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%. O feijão preto, muito consumido no Rio de Janeiro, acumula alta de 28,92% no ano e o feijão carioca, de 12,12%”, explica Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IBGE.
A China, principalmente, decidiu aumentar o nível de estoque de alimentos. Isso fez com que o valor de diversos produtos aumentasse, e ainda há a questão do dólar valorizado frente ao real, que fez com que os produtos brasileiros ficassem mais baratos para exportação. E por falar em China, recentemente, em um relatório publicado pela UBS e a Nikkei apontam que a riqueza conjunta dos bilionários na China apresentou um aumento de 41% entre abril de 2019 até o fim de julho deste ano, em razão da alta nos preços dos ativos após a queda registrada em março, em decorrência da pandemia da covid-19.
O país apresenta um recorde de 415 bilionários que juntos somam uma riqueza de 1,7 trilhão. Diversas ofertas públicas iniciais contribuíram para o crescimento de pelo menos duas dúzias de fundadores de empresas. De acordo com Amy Lo, co-diretora de gestão de fortunas da Ásia-Pacífico do UBS, a riqueza da China está diretamente “ligada à inovação e tecnologia. É por isso que estamos vendo um crescimento maior do que o resto do mundo. ”
Segundo reportagem da Gazeta Brasil, a riqueza dos bilionários aumentou em um quinto durante o período, e na Ásia-Pacífico, que abriga o maior número de bilionários do mundo, a riqueza caiu 2,1% no período. Os bilionários no continente detêm metade da riqueza da Ásia-Pacífico e 17% da riqueza global, ante 14,8% no ano passado.
Outro detalhe importante citado no documento é que as medidas de lockdowns favoreceram o crescimento econômico da China, pois o aumento da fortuna dos ricos na China e na Ásia-Pacífico em meio à pandemia está em forte contraste com os milhões de pessoas empurradas para a pobreza. Estas sofreram com as medidas de isolamento social, o colapso do turismo e a fraca demanda por exportações da região, fatores que dizimaram seus meios de subsistência.
Em paralelo, no Brasil, diante de todos os problemas oriundos da Covid-19, segundo reportagem do G1, entre 18 de março e 12 de julho, o patrimônio dos 42 bilionários do Brasil passou de US$ 123,1 bilhões (cerca de R$ 629 bilhões) para US$ 157,1 bilhões (cerca de R$ 839,4 bilhões). Os dados compilados pela Oxfam foram extraídos da lista dos mais ricos da Forbes.
“A Covid-19 não é igual para todos. Enquanto a maioria da população se arrisca a ser contaminada para não perder emprego ou para comprar o alimento da sua família no dia seguinte, os bilionários não têm com o que se preocupar”, diz a diretora executiva da Oxfam, Katia Maia.