Butantan e Fiocruz estão recebendo doação de tosse?
Parece algo fora do comum mas é verdade, ciência e a tecnologia juntas avançam para um novo modelo de detecção do vírus através do som emitido pela tosse.
A tosse seca é um dos principais sintomas da covid-19. Tossir muito hoje em dia pode ser motivo de muita preocupação e uma grande suspeita de estar doente, tendo em vista o aumento do número de infectados por coronavirus no Brasil.
Entretanto, alguns cientistas estão começando a trabalhar com a possibilidade de avaliar o som da tosse para tentar diagnosticar previamente se uma pessoa pode ou não estar infectado pelo novo coronavirus.
Pensando nisso algumas organizações do Brasil iniciaram uma campanha de doação de tosse.
Mas como assim doação de tosse? Os estudos estão sendo realizados com base no som emitido pela tosse e visa coletar pelo menos 900 amostras de tosse enviadas por áudio.
O intuito é treinar uma forma de inteligência artificial para detectar peculiaridades no som emitido pela tosse, e que abrange não somente a covid-19, mas também outras complicações pulmonares.
Os responsáveis pela pesquisa são a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),o Instituto Butantan e empresa de tecnologia Intel, o projeto é intitulado de soundcov e já conta com plataforma online para cadastro e avaliação.
Em entrevista à ?CBN?, o infectologista da Fiocruz Júlio Croda, informou que conta com a colaboração das pessoas que testaram positivo para o novo coronavirus, para que se direcionarem ao site e assim possam disponibilizar as amostras e realizar as coletas.
“A gente espera ainda concluir no mês de julho. Para isso, A gente precisa da participação das pessoas que têm Covid-19 nesse momento e que possam fornecer para a gente esse áudio, através do site soundcov.com. No site, você vai dar a autorização para participar da pesquisa, vai preencher um pequeno questionário, que não dura mais de 5 segundos, vai apertar um botão específico nesse questionários e gravar sua tosse e vai apertar também outro botão e tirar uma foto do exame, e acabou.”
A tosse é um reflexo natural do aparelho respiratório que surge como consequência de um processo irritativo. Há dois tipos de tosse: a seca e a produtiva. É a presença ou não de muco que estabelece a diferença. Na tosse produtiva a secreção se movimenta e é eliminada; na seca, esse catarro parece não existir, informa o Dr. Dráuzio Varella.
Em tempos de pandemia, estar atento a este sintoma é crucial para que o alerta seja acionado, mesmo que muitas vezes a tosse seja apenas alérgica, os cuidados devem ser redobrados,pois para o ser humano não é tão fácil diferenciar o que uma tosse pode indicar. Precauções como o uso de máscaras, distanciamento e higiene das mãos são os melhores cuidados a serem tomados.
“Cada doença tem um padrão específico de acometimento e quando você tosse, isso gera uma onda sonora diferenciada. Isso não é simples do ponto de vista do ser humano, reconhecer essas diferenças, mas a tecnologia e os diferentes padrões de sons, podem ser reconhecidos sim e podem ser diferenciados uma tosse de um paciente, por exemplo, com Covid, de um paciente com tuberculose, com asma, e de um paciente que não tenha
nenhum tipo de doença pulmonar”, comenta o infectologista
O estudo acontecerá da seguinte forma:
Serão recolhidas 900 amostras de tosse, sendo 300 de pacientes com Covid-19, outros 300 de indivíduos sadios e mais outras 300 amostras de pessoas com demais doenças pulmonares.
É preciso ser maior de idade, e qualquer pessoa pode participar da pesquisa.
O (a) candidato(a) deve gravar um áudio de sua tosse por meio do celular ou computador, verifica os termos de condução da pesquisa e os envia-los pela internet no site oficial da pesquisa.
O voluntário tem de colaborar deixando trechos de sua tosse serem gravados entre 30 e 60 segundos. Quem não apresentar o sintoma naturalmente, a pesquisa solicita que tussa de propósito, de maneira forçada, para que a gravação possa ser feita.
Você pode conferir e participar da pesquisa acessando esse ?endereço?. E também no site oficial do ?Instituto Butantan?.
“Nosso objetivo, com o apoio de todos, é que em 30 dias a gente possa fornecer essa ferramenta para todas as secretarias estaduais, para o governo federal e para os municípios que desejam utilizar essa ferramenta nos seus aplicativos. E isso pode auxiliar o paciente no sentido de reforçar o seu isolamento domiciliar ou buscar o atendimento para o seu diagnóstico laboratorial”, informa Júlio Croda.
Esta iniciativa também está sendo conduzida na Europa e nos Estados Unidos. As universidades de Cambridge (Reino Unido) e Carnegie Mellon (EUA) trabalham no desenvolvimento de dois aplicativos que também visam diagnosticar a covid-19 por meio do som da tosse. Os softwares estão ainda em fase de testes.
Em entrevista ao ?G1?, Tatiana Ribeiro, diretora-executiva do Movimento Brasil Competitivo afirma que :“A gente, efetivamente, está usando tecnologia de ponta para impulsionar a pesquisa brasileira e conseguir desenvolver uma solução nacional. Então, a ideia obviamente é poder contribuir aí com a saída da crise e a essa questão toda de saúde
pública que o Brasil vive hoje”.
Portanto, ao que tudo indica,esta solução por meio de inteligência artificial será bastante viável, tendo em vista que a realização de testes para detecção do novo coronavirus enfrenta uma grande defasagem devido a imensa quantidade de pessoas que buscam por estagem.