Cientistas da Pfizer afirmam que imunidade natural é superior à da vacina?
A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) realizou uma publicação no instagram a partir de um suposto depoimento de cientistas da farmacêutica Pfizer que compara a produção de anticorpos em quem foi infectado naturalmente pela COVID-19 com aqueles que receberam a vacina. O post ainda aponta que o contato direto com o vírus gera mais anticorpos e garante imunidade ao longo da vida. Vale mencionar que a publicação foi enviada a nossa equipe por meio do aplicativo Eu Fiscalizo da Fiocruz (Disponível para Android e IOS).
A suposta fala de pesquisadores da Pfizer mencionada no post da parlamentar foi retirada de um vídeo que circula no whatsapp e que também foi publicado no canal Project Veritas no youtube. O canal estadunidense é conhecido por disseminar desinformação acerca das vacinas. A Associated Press, por exemplo, realizou uma checagem com o tema de que as vacinas da Pfizer teriam células de bebês abortados na sua composição, confira aqui.
Nesse sentido, as alegações de Bia Kicis são falsas e sem fundamentos plausíveis. Com informações da Agência Lupa, sobre as duas formas de adquirir os anticorpos, estudos apontam para um risco de infecção consideravelmente maior entre aqueles que já tiveram a doença e não buscaram a imunização. No entanto, é errônea a ideia de que a imunidade natural é “melhor”, já que ignora a necessidade de se sobreviver a uma doença que pode levar à hospitalização, sequelas e até mesmo ao óbito.
A Fiocruz também alerta para o risco de morrer na tentativa de se obter a imunidade pelo contágio. Conforme expõe na sessão “Mitos e Verdades”: “Pessoas com casos mais graves de Covid-19 tendem a ter uma resposta imunológica mais robusta do que as pessoas que tiveram uma infecção branda ou assintomática, no entanto, quando comparamos as respostas após a infecção com os resultados após a vacinação, a resposta imunológica é consideravelmente melhor por meio da vacinação do que por meio da infecção natural”.
Na avaliação do epidemiologista e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Guilherme Werneck, mesmo sem consenso até o momento, a comparação entre as formas de imunidade, como feita no vídeo em verificação, é pouco frutífera. “Ainda que a imunidade adquirida pela infecção seja mais duradoura, qual seria o custo disso? Se existe uma infecção que tem potencial de causar hospitalização, morte e, eventualmente, sequelas de longo termo, você quer evitar essa doença. Você quer que todos tenham uma imunidade para se protegerem dessa infecção e é isso que as vacinas fazem”, explica à Agência Lupa.
Werneck também frisa que expor a população à doença tem um grande custo individual e também social: “Significa arriscar que as pessoas eventualmente desenvolvam algo que é ruim para elas. E também é ruim para a sociedade, porque isolamento, afastamento de atividades, tudo isso traz prejuízos econômicos”, disse.
Em junho, um estudo de pesquisadores da Universidade de Washington em St. Louis, nos Estados Unidos, indica ter localizado dados que indicam que a vacina contra a Covid-19 da Pfizer, que utiliza da tecnologia pioneira do mRNA (RNA mensageiro), produzem uma resposta imune duradoura. As conclusões da pesquisa foram publicadas na revista científica Nature, e os pesquisadores avaliam que os resultados devem se aplicar também ao imunizante da Moderna, que usa o mesmo princípio.
Após meses da vacinação, os pesquisadores averiguaram que partes específicas do nosso sistema imunológico continuavam em funcionamento produzindo células que geram anticorpos. No caso, os pesquisadores identificaram que dentro dos nódulos linfáticos os chamados “centros germinativo” seguiam em atividade produzindo as células B, que são produtoras de anticorpos para combater infecções. As informações são do G1.