Comprovado a eficácia da ivermectina contra covid-19 por cientistas?

 Comprovado a eficácia da ivermectina contra covid-19 por cientistas?

A busca por um medicamento que ajude a combater o novo coronavírus é uma das questões mais debatida na pandemia. O site Terra Brasil Notícias publicou uma matéria afirmando que a ciência comprovou a eficácia da ivermectina contra a COVID-19. Segundo a publicação a medicação reduz a concentração viral de pacientes afetados pelo Sars-Cov-2.

O estudo foi realizado por um consórcio público-privado, liderado pelo pesquisador Alejandro Krolewiecki do Institute of Tropical Diseases Research (Instituto de Pesquisa de Doenças Tropicais) e publicado no site do Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação da Argentina.

É equivocado afirmar que está cientificamente comprovada a eficácia da ivermectina contra a COVID-19, uma vez que o estudo ainda está em estágio inicial.

Atualmente o projeto conta com aprovações da Administración Nacional de Medicamentos Alimentos y Tecnologias Medicas (ANMAT) e futuramente deverá definir a melhor forma de determinar se o efeito identificado se traduz em utilidade clínica ou epidemiológica e, neste caso, o modo de administração com as medidas de segurança e eficácia necessárias.

A pesquisa, que avaliou o efeito da ivermectina na replicação de SARS-CoV-2 em pacientes com COVID-19 descobriu que a administração do medicamento em uma dose de 0,6 miligramas por quilograma de peso (três vezes a quantidade usual) produz a eliminação mais rápida e profunda do vírus quando o tratamento é realizado no início da infecção (até cinco dias a partir do início dos sintomas). Os testes clínicos foram realizados em 45 pacientes com doença leve ou moderada em diferentes centros de saúde.  Desse total, 30 receberam ivermectina em altas doses e o restante ficou como controle.

Segundo o estudo o resultado foi o seguinte: os pacientes que receberam o medicamento apresentaram uma resposta antiviral significativamente diferente dos não tratados.

O ponto de partida para a pesquisa foi à publicação de um artigo elaborado por uma equipe australiana que demonstrou, em abril deste ano, um efeito do medicamento inibidor da replicação do vírus em condições de laboratório in vitro. Entretanto, a OPAS compilou um banco de dados de evidências sobre potenciais tratamentos para COVID-19, e fez uma revisão rápida de todos os estudos realizados em humanos, in vitro (laboratórios) ou in vivo (clínicos), publicados de janeiro a maio de 2020.

A revisão concluiu que os estudos sobre ivermectina tinham um alto risco de viés, muito pouca certeza de evidências, e as evidências existentes eram insuficientes para se chegar a uma conclusão sobre benefícios e danos.

Vale ressaltar que a ivermectina é um fármaco usado no tratamento de vários tipos de infestações por parasitas, como por exemplo, piolho e sarna. Apesar do estudo trazer essas afirmações não foi divulgado se o ensaio clinico foi controlado e randomizado (ECCR), que de acordo com a revista brasileira de ortopedia o método é considerado o padrão ouro da medicina baseada em evidências na atualidade, sendo importantes para direcionar a conduta médica através de observações científicas consistentes. 

Além disso, até o momento a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) não aconselham o uso de ivermectina para quaisquer outros propósitos diferentes daqueles para os quais seu uso está devidamente autorizado. “Apesar da efetividade da ivermectina estar sendo avaliada atualmente em diversos ensaios clínicos randomizados, deve-se enfatizar que a OMS excluiu a ivermectina do Estudo Solidariedade para tratamentos da COVID-19, uma iniciativa co-patrocinada, para encontrar um tratamento efetivo para a doença”. (Saiba mais aqui)

A equipe do Nujoc Checagem já realizou verificação de notícias relacionadas ao uso do medicamento, você pode conferir as reportagens aqui.

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