Especialistas explicam casos de morte por covid-19 mesmo após vacina

 Especialistas explicam casos de morte por covid-19 mesmo após vacina

Tem circulado em alguns sites brasileiros a notícia de que um médico do estado do Goiás teria morrido vítima da covid-19 mesmo tendo tomado as duas doses da vacina AstraZeneca. Uma das matérias falando do caso foi publicada no site Contra Fatos, e encaminhada ao Nujoc Checagem pelo aplicativo Eu Fiscalizo.

O caso realmente aconteceu. No último dia 14 de maio o cardiologista e pediatra Saulo Menezes morreu aos 63 anos, vítima da covid-19, no município de Iporá. O médico de fato já tinha tomado as duas doses da vacina AstraZeneca e dias antes de falecer havia postado um desabafo nas redes sociais, afirmando que tinha recebido a segunda dose do imunizante há cerca de dois meses.

Acontece que, mesmo as vacinas sendo extremamente necessárias, com eficácia comprovada, elas não são totalmente infalíveis, ou seja, casos como o do médico Saulo Menezes podem ocorrer, como explicou a bióloga e divulgadora científica brasileira, Natalia Pasternak, em entrevista recente à BBC.

Pasternak, fundadora e presidente do Instituto Questão de Ciência, é bem didática ao ressaltar que mortes por covid-19 mesmo depois da vacina são casos isolados, e não a regra.

“Basicamente, trata-se da redução de risco que observamos em uma população. Casos individuais não servem para a gente dizer se uma vacina é boa ou não. Precisamos olhar como essa vacina se comporta em uma população. Em determinada população, a vacina reduziu a incidência da doença? Então, ela funciona”, afirmou à BBC.

A especialista faz então uma analogia para explicar melhor como a vacina funciona. “Uma boa vacina é como se fosse um bom goleiro. E como sabemos que o goleiro é bom? Vamos olhar o histórico dele. A frequência com a qual ele faz defesas. Se ele defende com frequência, ele é um bom goleiro. Isso não quer dizer que ele é invicto, que ele nunca vai deixar de tomar gol. Mas, mesmo se tomar gol, ele não deixa de ser um bom goleiro. Precisamos olhar o histórico dele. Mas se o time dele for uma droga, se a defesa do time dele for uma droga, ele vai tomar mais gol, porque vai ter muito mais bolas indo para o gol, então a probabilidade de ele errar aumenta”, ilustra Natalia Pasternak.

Na mesma reportagem, a infectologista Denise Garrett, vice-presidente do Sabin Vaccine Institute (Washington) e ex-integrante do Centro de Controle de Doenças (CDC) do Departamento de Saúde dos EUA, reforça que o risco de contrair covid-19 mesmo depois da vacina persistirá enquanto o vírus estiver circulando de maneira desmedida na comunidade.

“As vacinas aprovadas para Covid-19 são eficazes em proteger contra a doença, mas nenhuma vacina é 100% eficaz. O risco de infecção por Sars-CoV-2 em pessoas totalmente vacinadas não é completamente eliminado enquanto houver transmissão contínua do vírus na comunidade. Vamos ter uma pequena porcentagem de pessoas totalmente vacinadas que ainda ficarão doentes, serão hospitalizadas ou morrerão de covid-19. Esse número vai depender da eficácia da vacina, da taxa de circulação do vírus, e da prevalência de novas variantes. Por isso, a adesão às medidas de prevenção, como uso de máscaras e distanciamento social, continua a ser importante no contexto da implementação da vacina”, frisou a especialista.

Portanto, é preciso compreender que mortes por covid-19 mesmo após a vacina podem ocorrer, mas de maneira isolada, sem anular ou colocar em dúvida a eficácia e importância da vacinação.

Equipe NUJOC

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