Exercícios respiratórios ajudam no tratamento, mas não curam Covid-19
Especialistas alertam para necessidade de buscar tratamento imediato em caso de suspeita de infecção
Na semana passada o Nujoc Checagem verificou as informações sobre exercícios respiratórios dadas por um médico de Massachusetts, EUA. Ele dava dicas de exercícios para melhorar a capacidade respiratória de pacientes com a Covid-19. Na ocasião, a equipe do Nujuoc constatou que de fato o doutor Jonathan Bayuk é médico e tem dado entrevistas sobre o assunto para diversos programas de tevê nos Estados Unidos.
O médico afirma no vídeo que os exercícios podem ser feitos por pessoas assintomáticas, servindo nesse caso como prevenção, como também seriam indicados para pessoas com sintomas leves da Covid-19.
De lá para cá outros vídeos sobre o assunto circularam nas redes sociais. Eles recomendam realizar duas sequências de cinco inspirações profundas, segurando o ar e contando até cinco para soltá-lo. No final de cada sequência, uma tossida forte, se estiver num ambiente sem pessoas, claro, para evitar contaminação. Esse exercício ajudaria a fortalecer os pulmões, sobretudo a parte inferior, que ficaria mais sujeita à infecção e ao colapso pela propagação da Covid-19.
Como forma de complementar a sequência de exercícios, o doutor Bayuk e outros médicos recomendam deitar de bruços – de barriga para baixo, a chamada “pronação” – e respirar mais profundamente do que o usual. Isso ajudaria a exercitar a parte inferior dos pulmões, que ficaria mais suscetível a problemas quando a pessoa está deitada de costas.
A escritora J. K. Rowling, da série Harry Potter, foi uma das celebridades que saudou o método, atribuindo a ele a cura de uma suspeita de infecção pela Covid-19. Em sua conta no Twitter ela, que não chegou a se testar contra a doença, afirmou que teve melhora após realizar a terapia respiratória, sob supervisão do marido, que é médico.
A informação sobre os benefícios da terapia respiratória é verdadeira.
A terapia de fato auxilia no fortalecimento dos pulmões, sendo empregada de forma rotineira na recuperação de pacientes com pneumonia e outras doenças do sistema respiratório. Mas há algumas importantes restrições a considerar.
Alguns médicos afirmam que não há prova da efetividade das técnicas respiratórias contra a Covid-19. É o caso da doutora Arefa Cassoobhoy, professora de medicina que atende em Atlanta – EUA. Ela enfatiza que algumas das técnicas respiratórias ajudam pacientes com doenças pulmonares, mas que isso ainda não se aplica aos pacientes com Covid-19, pois faltam evidências científicas.
Sobre a pronação, os médicos reconhecem a efetividade da técnica para fortalecer os pulmões. Por se localizarem ao longo da parte posterior do corpo, eles respondem bem à posição de bruços, pois ela permite melhor irrigação sanguínea. “Se colocamos alguém de barriga para baixo, o volume maior dos pulmões ainda está nas costas, mas é menos provável que se torne comprimido pelo peso do corpo”, explica o doutor Adbu Sharkawy, professor assistente de medicina da Rede de Saúde Universitária, de Toronto, Canadá.
E uma última ressalva tem a ver com o tempo do diagnóstico. Médicos de instituições dos EUA e Canadá afirmam que o fundamental em caso de suspeita de infecção é buscar ajuda especializada imediatamente. Isso porque os exercícios podem protelar o diagnóstico, agravando um quadro de infecção pela Covid-19: “Algumas pessoas com Covid-19 pioram muito rápido. Eu detestaria que alguém que precise de cuidado médico tentasse autotratamento em casa”. Esta é a opinião da médica Carolyn McCoy, da Associação Canadense de Terapeutas Respiratórios, em declaração para matéria do site CTV News.
Seja como for, a partir das várias opiniões de médicos e especialistas, é possível afirmar que os exercícios respiratórios não curam a doença, mas servem como um reforço na prevenção e no tratamento da Covid-19, desde que orientados por um médico. Em caso de suspeita de contaminação, deve-se procurar ajuda médica imediata.