#FALSO: Coronavírus não é letal somente em pessoas com imunidade baixa e/ou com problemas de saúde
Circula no WhatsApp extensa mensagem de texto com suposto relato de um brasileiro que mora há 15 anos na China. Embora não seja possível checar a veracidade do relato como sendo de fato de um brasileiro morador da China, pois não é conferida uma identidade à origem do testemunho, após a checagem verificamos que algumas informações são imprecisas ou falsas. Por isso, a nossa equipe de checagem refaz, ponto a ponto, o percurso desta história.
1. “Mantenha a sanidade e a calma, o vírus é agressivo no contágio, mas letal somente em pessoas com imunidade baixa e/ou com problemas de saúde”
O contágio da doença em todo o mundo e os estudos feitos por pesquisadores até o momento já mostram que esta informação é falsa. A letalidade é maior entre os chamados grupos de riscos, que envolvem idosos, indivíduos com doenças crônicas e imunodeprimidos. No entanto, a doença não é letal somente nestes casos. Já há casos registrados em diversos países de mortes de pessoas fora desse grupo de risco.
É o caso, por exemplo, da jovem britânica Chloe Middleton, de 21 anos. Segundo a família de Chloe, ela não possuía doenças pré-existentes. As informações são da BBC.
Até a publicação desta matéria, a letalidade no Brasil segundo o Ministério da Saúde é de 3,2%, com 140 óbitos confirmados na manhã desta segunda-feira, 30.
Por fim, é importante alertar que, por se tratar de uma doença nova, não existe imunidade a ela. O vírus foi descoberto em 31 de dezembro de 2019 após casos registrados na China. As pessoas ainda não possuem anticorpos para o Covid-19, tampouco existe vacina ou remédio capazes de curar a doença. Pessoas de todas as faixas etárias podem contrair as formas mais graves da doença e morrer por conta de suas complicações.
2. “Aqui também a galera correu pro mercado e devastou as prateleiras, isso vem do pânico, mas vc também não precisa de uma quantidade enorme de comida, álcool ou desinfetante, já que vc só precisa usar se sair na rua, ficando em casa o consumo e pequeno”
Segundo informações do site de notícias Uol, nos primeiros dias do surto de fato houve uma corrida aos supermercados na China, mas logo as pessoas se adaptaram à nova realidade e passaram a fazer suas compras de maneira segura pela internet, como forma também de evitar as saídas e aglomeração de pessoas.
Quanto ao uso de álcool gel, de fato é indicado caso não seja possível lavar as mãos. Para quem está em casa, não tem possibilidade ou não encontra álcool gel para comprar, uma lavagem completa das mãos é eficaz contra o vírus. Veja as recomendações do Ministério da Saúde:
Para evitar a proliferação do vírus, o Ministério da Saúde recomenda medidas básicas de higiene, como lavar bem as mãos (dedos, unhas, punho, palma e dorso) com água e sabão, e, de preferência, utilizar toalhas de papel para secá-las.
Além do sabão, outro produto indicado para higienizar as mãos é o álcool gel, que também serve para limpar objetos como telefones, teclados, cadeiras, maçanetas, etc. Para a limpeza doméstica recomenda-se a utilização dos produtos usuais, dando preferência para o uso da água sanitária (em uma solução de uma parte de água sanitária para 9 partes de água) para desinfetar superfícies.
Segundo a microbiologista Natália Pasternak, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e presidente do Instituto Questão de Ciência, em entrevista à Folha de São Paulo, a lavagem das mãos deve ser feita por 20 segundos para destruir o vírus e o álcool gel deve ser usado preferencialmente quando estiver na rua. Em casa, água e sabão são suficientes.
3. “Não saia de casa, a melhor vacina para esse vírus e o não contágio, nós ficamos 40 dias dentro de casa, saindo só esporadicamente (muito raramente) só pra ir ao mercado”
De fato, a única coisa que comprovadamente evita a transmissão do vírus no momento é o distanciamento social, por isso a medida vem sendo defendida por pesquisadores e órgãos de saúde e adotada por diversos países em todo o mundo. Por não haver uma vacina ou remédio, a melhor forma de evitar o alastramento da doença é manter-se em casa e sair apenas quando for extremamente necessário.
Quanto ao período exato de quarentena, ele varia de acordo com a cidade chinesa. Algumas iniciaram o período de isolamento ainda em janeiro e somente na semana passada iniciaram o processo gradual de retorno às atividades normais. Em Wuhan, primeiro epicentro da doença, o confinamento foi de dois meses.
4. “Se sair, use máscara, luva e procure não tocar em nada, e muito menos no rosto, vcs ainda usam muito dinheiro em papel, então cuidado redobrado em tocar o rosto”
A recomendação dos médicos, pesquisadores e órgãos de saúde é que as máscaras sejam utilizadas apenas por pacientes, para evitar a transmissão do vírus, e por profissionais de saúde. Máscaras e luvas, dentre outros objetos, são os chamados EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para uso destes profissionais. Se você não está doente, a melhor forma de evitar a contaminação é permanecendo em casa.
Além disso, há indícios de que as luvas mantém o vírus por mais tempo na superfície, o que é outro motivo pelo qual o uso delas é contraindicado para quem deseja sair de casa por algum motivo. Você também não deve tocar o rosto sem higienizar as mãos.
5. “Cuide dos seus velhinhos”
Conforme falamos anteriormente, os idosos, em especial aqueles com comorbidades como diabetes, hipertensão e problemas no coração, são os mais vulneráveis ao novo coronavírus. Por isso, a recomendação é verdadeira. Evite contato próximo com pessoas mais velhas, como pais e avós, e adote medidas de higiene para mantê-los em segurança. Neste domingo, 29, foram registradas as mortes de um casal de idosos em Teresina, em decorrência do Covid-19.
6. “O vírus fica ativo nas roupas por 9 hrs e no metal por 12 hrs em média chegando em casa borrife-se de álcool e ponha a roupa pra lavar, em seguida tome um bom banho, temos seguido essa rotina nos últimos 45 dias”
Ainda não é possível saber ao certo quanto tempo o vírus permanece vivo em superfícies, mas estudos preliminares de um virologista do US National Institutes of Health (NIH) em parceria com pesquisadores do Rocky Mountain Laboratories em Hamilton, Montana, indicam que o vírus pode sobreviver de dois a três dias em superfícies de plástico e aço. O estudo foi publicado no New England Journal of Medicine em 17 de março.
7. “Deixe os sapatos fora de casa”
Todas as recomendações de profissionais da saúde, pesquisadores e órgãos governamentais são de que é preciso manter a higiene em casa e que é necessário evitar que o vírus seja levado da rua para casa. Por isso, deixar os sapatos usados na rua fora de casa é uma boa medida de higiene e prevenção contra o coronavírus.
8. “Mantenha-se saudável, vitamina C, comidinha boa em casa, durma bem, imunidade alta e a melhor defesa”
Não existem alimentos que evitem o contágio por coronavírus ou qualquer outra doença. Eles podem, sim, torná-lo mais forte e mais resistente em caso de uma infecção, mas não são capazes de imunizá-lo por si só.