#FALSO: isolamento vertical não é eficaz no combate ao coronavírus
Um áudio tem circulado no WhatsApp onde uma pessoa que se identifica como médico, de nome Eider, mas não há maiores informações sobre o interlocutor, faz uma série de recomendações para tratar o coronavírus. O áudio começa questionando o motivo do uso de máscaras e, ao longo de 7 minutos, traz outros questionamentos e críticas à gestão da crise nesta pandemia pelo poder público. Você pode ouvir o áudio completo abaixo:
A seguir, a checagem dos principais pontos mencionados no áudio. A checagem não se deterá aos trechos mais opinativos da fala reproduzida no áudio em questão.
O vírus é um parasita. Enquanto houver pessoas suscetíveis a ele – leia-se: sem imunização -, ele permanecerá causando doença.
Se numa epidemia viral não houvesse nada pra fazer, se estivéssemos (sic) simplesmente que esperar, o uso de máscaras obrigatório a população diminuiria o contágio, prolongaria o tempo de prevalência da doença e a imunidade seria conseguida devagar até que uma vacina pudesse imunizar a todos e acabá-la. Porém, isso não acontece hoje. Temos medicações comprovadamente eficazes e muito conhecidas em epidemias virais: ivermectina, hidroxicloroquina, azitromicina, anticoagulantes, corticóides e antirretrovirais.
Até o momento não há “medicações comprovadamente eficazes” contra o coronavírus. Embora tais medicações sejam utilizadas com sucesso no tratamento de outras doenças causadas por vírus, isto não significa que o mesmo se aplica à Covid-19. Sabe-se que o vírus possui diversos tipos de mutações, o que é um fato complicador para o desenvolvimento da vacina, por exemplo.
Em material de divulgação publicado em 7 de abril, o Ministério da Saúde informa que “o Brasil, por meio do Ministério da Saúde, se uniu a 45 países para investigar a eficácia de tratamentos para a Covid-19. Coordenado no país pela Fiocruz, o estudo é da Organização Mundial de Saúde (OMS) e tem buscado evidências sobre os resultados de quatro medicamentos, são eles: cloroquina e a hidroxicloroquina, usadas contra a malária e doenças autoimunes; Combinação de remédios contra HIV, formada por lopinavir e ritonavir; Combinação de Lopinavir e Ritonavir em conjunto com a substância Interferon beta-1b, usada no tratamento de esclerose múltipla; e Antiviral Remdesivir, desenvolvido para casos de ebola”.
Já há diversos registros de mortes em decorrência da prescrição combinada dos medicamentos hidroxicloroquina e azitromicina para tratar a Covid-19. Um deles pode ter levado à morte, na última semana, do médico Gilmar Calasans Lima, de 55 anos, em decorrência da doença. Ele estava sendo tratado com os dois medicamentos. Ele foi o primeiro profissional de saúde morto pelo coronavírus na Bahia.
Segundo o Estadão, “a receita médica foi emitida para Gilmar Calasans Lima, de 55 anos, na quinta-feira, e indicava uso de um comprimido de hidroxicloroquina a cada 12 horas, por cinco dias, combinado com uma dose de azitromicina por dez dias. A eficácia dos medicamentos contra a covid-19 não tem comprovação científica”. Um dos possíveis efeitos colaterais do uso combinado desses dois medicamentos é a arritmia cardíaca.
Além disso, em entrevista à revista Pais e Filhos, o infectologista Gerson Salvador, falou sobre a necessidade de usar máscaras para reduzir as chances de transmissão ou contágio. “Certamente, os profissionais de saúde que atendem pacientes com sintomas respiratórios devem usar máscaras, as pessoas que têm sintomas respiratórios também e, nesse momento, além deles, as autoridades sanitárias têm preconizado o uso comunitário de máscaras de pano, visando limitar que as pessoas que têm pouco ou nenhum sintomas possam eventualmente ser transmissoras de coronavírus”, esclarece.
Aqui você encontra orientações do Ministério da Saúde para produção de máscaras caseiras.
Especificamente na epidemia da Covid-19, se essas drogas forem utilizadas de forma competente, diga-se, por uma equipe de saúde treinada e ainda no início dos sintomas, na prática teríamos redução drástica das internações e formas graves da doença. Diante desse cenário, eu pergunto pra você: por que então usar máscaras? Por que é politicamente correto? Apenas para postergar uma epidemia desnecessariamente? Fazer com que ela fique mais tempo conosco, podendo dizimá-la mais rapidamente?
A recomendação para o uso de máscaras nesse momento decorre do fato de que ainda não há tratamento ou vacina para a Covid-19. Por isso, ela deve ser usada caso as pessoas precisem sair de casa, de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, profissionais e especialistas da área, bem como outros órgãos de saúde internacionais. De todo modo, a principal recomendação para evitar o contágio é o distanciamento social.
A politicagem (…) está matando pessoas que poderiam ser salvas se essas medicações fossem distribuídas em todas as portas de entrada da saúde: postos de saúde, UPAs e hospitais e a população fosse orientada a procurá-las no início dos sintomas. Mas ao contrário disso, a orientação é: só procure o serviço de saúde quando apresentar sintomas graves. Com isso, as medicações já não terão a eficácia esperada, pessoas precisarão de respiradores e muitos morrerão.
Não há eficácia esperada desses medicamentos citados, pois até o momento não há estudos conclusivos de que eles de fato sejam eficazes no tratamento da Covid-19. Além disso, a orientação sobre quando procurar o serviço de saúde é do próprio Ministério da Saúde: “se você está com sintomas de gripe, fique em casa por 14 dias e siga as orientações do Ministério da Saúde para o isolamento domiciliar. Só procure um hospital de referência se estiver com falta de ar”. Mais informações estão disponíveis nesta cartilha disponibilizada pelo órgão.
Sabe-se que o período de incubação do coronavírus (tempo que leva até o aparecimento dos primeiros sintomas) é grande. Segundo a Fiocruz, esse intervalo varia de 1 a 14 dias, geralmente ficando em torno de 5 dias. Por isso, mesmo que a pessoa vá ao médico ao surgirem estes primeiros sintomas, é possível que o vírus já tenha produzido muitos efeitos nocivos ao organismo sem que a pessoa sequer soubesse.
Conforme mostra esta reportagem exibida na edição do Fantástico no último domingo (26), “Nos Estados Unidos e no Brasil, médicos da linha de frente contra o coronavírus têm percebido: os sintomas de pneumonia às vezes demoram pra aparecer e o paciente chega ao hospital em estado pior do que imaginava. A falta de ar dispara os alarmes e pode sinalizar a morte. Mas não na Covid-19. A doença causada pelo coronavírus é traiçoeira. Às vezes ela tira oxigênio do nosso corpo silenciosamente, sem a falta de ar que nos faz procurar ajuda”.
Além disso, a ida a uma unidade de saúde pode expor os demais pacientes, que não tem a doença, ao risco de contágio. Por isso, a orientação é que se procure um hospital apenas quando houver sintomas graves.
O vídeo abaixo, produzido pela Vox, mostra as diferenças entre a Covid-19 e uma gripe comum e como ela se desenvolve após a infecção (ative as legendas em português).
Os que deveriam estar realmente isolados, são as pessoas do grupo de risco de adquirirem a forma grave da doença: idosos, grávidas, imunodeficientes, transplantados, fumantes e pessoas que possuem doenças crônicas. Esses, obrigatoriamente, deveriam estar isolados por decreto. A isso chama-se isolamente vertical. Os demais cidadãos precisam se expor ao vírus, porque muito provavelmente terão poucos sintomas ou uma forma leve da doença e se tiverem sintomas mais fortes, usem as medicações disponíveis e, assim, acaba-se com a epidemia. Máscaras não ajudam em nada disso. Respeito os que querem usá-las, mas se acham que estão mais seguros com elas cobrindo-lhes o rosto estão mais uma vez enganados.
Um estudo do Imperial College de Londres, na Inglaterra, avaliou os cenários de mitigação (o isolamento vertical proposto pelo autor do áudio) e supressão, que é o isolamento total que já vem sendo praticado em diversos países do mundo e no Brasil, em menor grau. Há vários problemas que decorrem de um isolamento vertical. Um deles, que se mostra também uma questão ética e social, é o fato de que muitos idosos e pessoas com comorbidades no Brasil vivem em casas com muitas pessoas. Mesmo que elas se mantenham isoladas, seus parentes sairão para trabalhar e poderão transmitir o vírus para os familiares do grupo de risco, mesmo que eventualmente não tenham maiores problemas para eles mesmos.
A exposição livre ao vírus, sem medidas de mitigação ou supressão, se mostrou ineficiente no estudo do Imperial College, o que levou o primeiro-ministro britânico Boris Johnson a voltar atrás na estratégia e decretar o isolamento horizontal.
Além disso, o registro de casos já tem mostrado que pessoas jovens e saudáveis também tem adquirido a doença. Falamos disso nesta publicação.
Precisamos, sim, reforçar o nosso sistema imunológico e enfrentar o vírus. Fazemos isso com oito remédios naturais:
1. Ar puro: obtemos isso respirando fundo, de dia, junto às plantas, junto à natureza.
2. Água pura: devemos beber pelo menos três litros de água por dia. A hidratação é muito importante. Se for água de coco natural, melhor ainda.
3: Sono: muita gente dá pouco valor ao sono, mas devemos dormir pelo menos 8 horas por noite.
4. Exercício físico: fazer exercícios físicos moderados, sem exageros, mas com constância, todos os dias um pouquinho.
5. Boa alimentação: comer muitas frutas, verduras, legumes e castanhas.
6. Expor-se à luz solar: pegar pelo menos 15 minutos de sol por dia.
7. Temperança: evitar sobrecargas de estudos, trabalho ou mesmo lazer. Tudo que é demais faz mal.
8. Confiança em Deus: confie Nele, ninguém ama mais você que seu Pai Celestial.
Fortalecer o sistema imunológico é importante e torna as pessoas mais resistentes ao vírus, mas não evita a infecção ou leva à cura da doença por si só, compreensão errônea que pode decorrer do que o suposto médico fala no áudio.
Do mesmo modo, não há alimentos que evitem a infecção. Segundo o infectologista Hélio Bacha, do Hospital Israelita Albert Einstein, em entrevista à Agência Einstein (republicada pelo site Saúde), “a imunidade é formada por um conjunto de fatores que atuam contra diferentes doenças, vírus e bactérias. Não podemos elencar um único alimento ou uma vitamina para resolver um problema de saúde”.
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Durante esse período de pandemia do coronavírus, nota-se que a disseminação de fake news nas redes é crescente. Por isso, busque fontes confiáveis de informação e sempre verifique o material que você recebe nas redes sociais antes de compartilhar. Se estiver em dúvida se algum texto, áudio ou vídeo recebido é verdadeiro não, entre em contato conosco e envie a sua solicitação de checagem!
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