Médico questiona tempo de testes das vacinas contra a Covid-19
João Haddad afirma também que os suplementos são a proteção natural contra o novo coronavírus
Em entrevista ao programa Estudo de Caso, da Rádio Jovem Pan do Paraná, o médico geriatra João Rosário Haddad diz que não aconselha a ninguém tomar as vacinas que estão sendo testadas contra o novo coronavírus. Ele ressalta que se trata de uma opinião pessoal: “Não vou tomar, e não indicaria para as pessoas tomar uma vacina dessas”. Neste link aqui você confere a íntegra da entrevista do médico. Um pequeno trecho dessa entrevista, com cerca de dois minutos, tem circulado nas redes sociais, e chegou à equipe do NUJOC para verificação, enviado pelo aplicativo Eu Fiscalizo, da Fundação Oswaldo Cruz. Embora se trate de opinião, as afirmações do médico para justificar a recusa em tomar a vacina podem induzir a erro.
Ele afirma que as vacinas precisam de muito mais tempo para serem testadas antes da aprovação. Diz que o tempo de testes vai de cinco a sete anos, ou até dez anos, e que as vacinas contra a Covid-19 não respeitaram esse procedimento: “No tempo que a gente tem, é impossível ter uma vacina de confiança”.
A afirmação procede em parte. De fato, as vacinas costumam levar mais tempo para serem aprovadas, mas isso vale para situações distintas, em que não há um esforço global pela cura, como está acontecendo agora, com o novo coronavírus. Mesmo assim, muitas vacinas foram obtidas em tempo bem menor do que a média apontada por João Haddad. A vacina contra a influenza A (H1N1), por exemplo, foi desenvolvida em questão de meses, conforme informações da Wikipédia. Em situações de emergência, os procedimentos usuais são revistos e adaptados, como está acontecendo agora no contexto da pandemia da Covid-19.
Suplementos – Na sequência de sua fala, o médico afirma que a proteção natural contra o novo coronavírus são os suplementos vitamínicos – vitamina D, especificamente. Além disso, ele elenca outros fatores importantes para se proteger contra o novo coronavírus: hidratação, alimentação adequada, cuidar do sistema digestivo e do estado de saúde geral do paciente. Exercícios físicos e cuidado com a mente e a alma também seriam o melhor caminho.
Embora um corpo saudável seja obviamente mais preparado para combater doenças, isso não garante a proteção contra a Covid-19. A vitamina D não protege contra a infecção causada pelo novo coronavírus, como você pode conferir nesta checagem aqui, feita pela agência Lupa. Diversos estudos mostram que a Covid-19 se associa a fatores como doenças preexistentes e muito possivelmente a fatores genéticos, contra os quais não há suplementação que proteja. Em outras palavras, ser saudável, tomar suplementos para fortalecer o sistema imunológico e buscar uma vida equilibrada não basta para evitar a infecção pelo novo coronavírus, nem garante cura da Covid-19.
Sugerir que os suplementos são a principal opção para combater o coronavírus pode também levar as pessoas a negligenciar o que é de fato efetivo: higienização, uso de máscaras e isolamento. A vacina é outra opção real e segura, conforme você pode conferir neste texto aqui, que explica como elas funcionam.
O NUJOC já verificou outras mensagens de médicos sobre a Covid-19 com conteúdo desinformativo e que pode induzir a erro. Nesta aqui, por exemplo, um médico tenta desqualificar a pandemia a partir do uso de dados falsos. Nesta outra, uma médica diz que o sol é o principal aliado contra o novo coronavírus.