Não há comprovação de efetividade do “tratamento precoce” da Covid-19 com hidroxicloroquina
O Palácio do Planalto reuniu representantes do Governo Federal e médicos no evento “Brasil Vencendo a Covid”, no dia 24 de agosto. No evento, os médicos presentes representavam cerca de 10 mil colegas de profissão que se movilizaram para entregar ao presidente da República uma “carta” contendo a solução para combater a Covid-19.
O evento foi transmitido ao vivo pela TV Brasil e pela internet. Recebemos um vídeo de um trecho do evento como sugestão de checagem do app Eu Fiscalizo, da Fiocruz.
Nele, a médica Raíssa Oliveira, da Bahia, apela ao presidente para aplicar a hidroxicloroquina, combinada com outros medicamentos, como tratamento precoce para reduzir as mortes causadas pelo novo coronavírus. Na ocasião, o país contava com cerca de 115 mil óbitos e mais de 3 milhões de casos da Covid-19.
Ela defende o tratamento precoce e preventivo com a aplicação da hidroxicloroquina, e afirma que os médicos que recomendam estre tratamento são “ousados e pedem lucidez para mudar a nação”.
O “tratamento precoce” é apoiado pelo presidente e, em maio, o Ministério da Saúde divulgou diretrizes para a realização destre tratamento, que sugere a combinação de hidroxicloroquina com azitromicina para casos leves da doença.
As diretrizes também permitem que médicos receitem a hidroxicloroquina a pacientes que assinem um termo de consentimento para uso do medicamento, endossando sua aplicação em pessoas que não estão infectadas.
Este é o “tratamento precoce” defendido pelo presidente e apoiadores como uma cura preventiva para o novo coronavírus, mas não há evidências que esse protocolo funcione para reduzir mortes ou prevenir a ocorrência de novos casos.
O Nujoc Checagem já trouxe diversos estudos que indicam que a hidroxicloroquina pode causar danos à saúde, especialmente em pacientes com comorbidades.
Além disso, a Organização Mundial da Saúde recomendou em julho deste ano a descontinuação do uso deste medicamento no tratamento da Covid-19 por não encontrar evidências que a hidroxicloroquina contribua para reduzir a mortalidade nos infectados pelo novo coronavírus.
Sua aplicação deve ser feita apenas em pacientes clínicos que apresentem sintomas leves da doença, hospitalizados e com acompanhamento médico.