Não houve aumento no número de óbitos registrados entre 2019 e 2020?
Em parceria com o App Eu Fiscalizo, recebemos uma denúncia que diz que uma mensagem que circula nas redes sugere que não houve aumento significativo de mortes no Brasil em virtude da Covid-19.
A informação é falsa e faz referência a um levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário, ABREDIF. Mas, consultado o site oficial da associação, não há nenhum documento, portaria ou artigo que faça alusão aos números apresentados na postagem.
O texto afirma que houve aumento apenas de 2,29% em relação aos meses de janeiro a abril de 2019.
Entretanto, dados levantados no site do Portal da Transferência do Registro Civil revelaram que entre os referidos meses em cada ano a diferença de mortes aponta para um aumento de 15.311 pessoas. Número bastante significativo.
O primeiro caso confirmado do novo coronavírus no Brasil foi de um homem de 61 anos, que esteve na Itália e reside em São Paulo, Ele apresentou sintomas típicos da Covid-19, como febre, tosse seca, dor de garganta e coriza.
O paciente deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein, dia 24 de fevereiro. E informou que esteve na Itália no período de 9 a 21 do mês de fevereiro, onde constatou-se que houve um aumento expressivo de casos de coronavírus no país. Este caso foi confirmado no 26 do mesmo mês, e tornou-se assim o primeiro América Latina.
Faltam testes – Além do mais, a falta de testagem leva a conclusões equivocadas sobre os óbitos relacionados à Covid-19. Somente nos estados de maior incidência da doença, como São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Recife, houve um aumento de óbitos de causas naturais, ou seja, de forma não violenta. Porém estas mortes estão relacionados pela incapacidade do país em conseguir testar em massa a população, bem como a incerteza dos testes rápidos, que podem variar de resultado a depender do estágio da infecção e da data de testagem por contaminação.
Nestas mesmas regiões, por exemplo, foram registrados por cartórios 3392 mortes a mais este ano do que em 2019 entre março e abril, sendo que 1.618 são de casos confirmados e suspeitos de coronavírus.
A Associação Nacional dos Registradores Naturais (Arpen – Brasil), informa que, ao compararmos o mês de fevereiro dos respectivos anos (2019 e 2020), a oscilação seria de quase zero referente ao número de óbitos. Entretanto isso ocorreu porque essas mortes aconteceram exatamente nos primeiros meses de expansão da pandemia, quando o número de infectados era bastante reduzido.
Ressalta-se também que esses dados são inconclusivos, pois requerem atualização constante de todos os atestados de óbitos de todos os estados brasileiros, o que nem sempre acontece em sincronia e há sempre atualizações pendentes a cada 24 horas.
Mortes – Foram em torno de 5.580 mortes por SRAG registradas até o dia 25 do mês de março, período em que até então o Brasil registrava um total de 4.016 mortes por Covid-19. Somados os dados, a média entre os anos de 2010 e 2019 é de 2.019 mortes por SRAG, afirma o estudo.
É importante saber que estas mortes fazem parte do quadro de comorbidades que os especialistas chamam de grupo de risco, e que, uma vez contaminadas, estas pessoas indicam um maior índice de mortes por Covid-19.
A FioCruz, por meio dos gráficos do Infogripe, também disponibiliza sua base de dados em formato aberto para que gestores públicos e outros grupos de pesquisa possam fazer análises através desse link.
Estes óbitos são registrados como mortes naturais, em alguns casos, pois os resultados para comprovação de infecção por coronavirus tem um tempo de espera de até 15 dias, e que indicam um resultado póstumo das mortes registradas por cartórios.
Ou seja, o grande problema da subnotificação é que pode ocasionar imprecisões nas mortes registradas, o que nos leva a crer que o número de mortes é ainda maior do que o registrado pelos cartórios de todo país.
Somente o estado de São Paulo, semana passada, teve um aumento de 372 mortes e um total de 6.999 casos de Covid-19.
O último relatório do Ministério da Saúde, que registra o número de mortes por dia, pode ser consultado por meio deste link.
Para acompanhar a linha do tempo de casos confirmados no Brasil, assim como o número de mortes, basta acessar este endereço.