Países da Europa abandonam vacinação e OMS é contra dose de reforço?

Por Edison Mineiro

O Nujoc recebeu para checagem a coluna do jornalista Cacau Menezes veiculada no site ND+. Intitulada “As boas notícias da pandemia que não são muito divulgadas no Brasil”, o relatório tece alegações que alguns países europeus “abandonaram” a vacinação contra a Covid-19, o uso de um suposto Kit Covid com Ivermectina no Japão e a posição contrária da OMS quanto a doses de reforço.

As informações são falsas. De acordo com o Alagoas sem Fake, a Alemanha não deixou a vacina de lado. No site oficial do Ministério Federal da Saúde para o acompanhamento vacinal do país, é possível conferir os números atualizados. No dia 12 de março, por exemplo, foram administradas 171 mil doses na Alemanha. O portal até calcula que a cada 17 segundos, 30 pessoas recebem uma dose do imunizante.

Outro país mencionado no relatório do colunista é a República Tcheca. Ainda de acordo com o Alagoas sem Fake, diferente do que a mensagem falsa tenta passar, não houve obrigatoriedade da vacina. O governo anterior, que permaneceu até dezembro de 2021, aprovou a obrigatoriedade para pessoas com mais de 60 anos, médicos, policiais, bombeiros e estudantes de medicina. A medida teria início em março de 2022, mas o novo governo, liderado pelo primeiro-ministro Petr Fiala revogou. Apesar disso, o país incentiva a vacinação e até o dia 12 de março 64% da população estava com o esquema vacinal completo.

Também não houve interrupção da vacinação na Índia. O site do Ministério da Saúde e Bem-Estar Familiar registra mais de 1,34 bilhão de doses aplicadas. Quase 70% da população indiana já recebeu ao menos uma dose do imunizante. O país não substituiu a vacina pelo uso da ivermectina, medicamento que não é recomendado para o tratamento da Covid-19 pela Diretoria Geral de Serviços de Saúde desde junho de 2021.

Da mesma forma o Japão, o Governo daquele país reconhece a eficácia das vacinas, assim como não recomenda o uso da Ivermectina no tratamento da Covid-19. O tema inclusive já foi averiguado em janeiro aqui no Nujoc Checagem, confira.

Por último, sobre o posicionamento contrário da OMS em relação a aplicação da dose de reforço o fato também é mentiroso. Segundo a Agência Brasil, um comunicado emitido no dia 8 de março pelo Grupo Conselheiro Técnico sobre Vacinação Contra a Covid-19 da Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o acesso amplo a doses do ciclo inicial e de reforço de vacinas contra a covid-19.

A aplicação de doses de reforço deve ocorrer sobretudo “em grupos com riscos de desenvolver doenças severas e evoluir para a morte, mesmo no contexto da circulação da variante Ômicron”, aponta o boletim.

Um problema segue sendo a disparidade na distribuição das vacinas em diferentes países do mundo. “A oferta em curto e médio prazos das vacinas disponíveis tem crescido substancialmente. Contudo, a equidade de vacinas continua um desafio importante e todos os esforços para resolver essas desigualdades são importantes”, defendem os especialistas da OMS.