PERDEU A LINHA: Infectologista Roberto Zeballos põe em dúvida a eficácia das vacinas
Médico também questiona o lockdown e defende a ivermectina e o tratamento precoce
Está circulando desde o dia 13 de julho trecho de entrevista com o médico Roberto Zeballos em que ele questiona a eficácia das vacinas contra a Covid-19. Na conta do Instagram Protocolo Brasil, que defende o tratamento precoce contra a Covid-19, circula um trecho de cerca de um minuto que foi retirado da entrevista que o médico deu ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan. O material chegou para checagem do NUJOC pelo aplicativo Eu Fiscalizo, da Fundação Oswaldo Cruz.
O trecho do Instagram está editado e não retrata a íntegra da fala do médico. Na íntegra da entrevista, que pode ser acessada aqui, o médico afirma não ser contra as vacinas, mas apresenta ressalvas quanto à eficácia delas. “Essa vacina é ex-pe-ri-men-tal”, diz, escandindo as sílabas. “Quem disser que sabe o que vai acontecer com quem tomou a vacina daqui a cinco anos, tá mentindo. A gente não sabe o que vai acontecer”, sentencia.
A eficácia das vacinas contra a Covid-19 vem sendo comprovada tanto nas fases de testes como agora, quando elas estão sendo aplicadas na população. Todas as que foram aprovadas para uso são eficazes. Para serem disponibilizadas à população, as vacinas passam por rigorosos processos de testagem, como você pode conferir nesta matéria aqui. Os dados mais eloquentes que provam a eficácia das vacinas são a queda no número de internações e de mortos no país, que coincidem com o aumento no número de imunizados.
Em outras ocasiões o médico já defendeu o tratamento precoce com a cloroquina e a ivermectina, que não têm eficácia contra a Covid-19. Em maio de 2020, ele também afirmou que a China produziu o vírus em laboratório na cidade de Wuhan, conforme checamos e desmentimos nesta matéria aqui. Nesta outra checagem, feita pela agência Aos Fatos, Zeballos figura entre os médicos que mais espalharam desinformação desde o início da pandemia no Brasil.
Ele também afirma na entrevista à Jovem Pan que o lockdown foi desnecessário e ineficaz, e que a ivermectina é eficaz quando administrada no início dos sintomas da Covid-19.
Quando observado com rigor, o lockdown é uma medida necessária para conter a propagação do contágio pelo novo coronavírus, e demonstrou eficácia onde foi adotado de forma sistemática durante a pandemia. Os números provam isso, como você pode conferir nesta matéria. Quando à ivermectina, medicamento usado no chamado “tratamento precoce”, até agora não há provas de que ela seja eficaz na prevenção ou no tratamento da Covid-19. Todos os estudos de grande porte feitos sobre as drogas que compõem o chamado “kit Covid” não demonstraram eficácia das mesmas para combater a doença.
Apesar das informações falsas ou equivocadas que traz em sua entrevista – algumas delas embasadas na opinião formada a partir da experiência clínica, como ele mesmo observa –, Zeballos admite que as vacinas ajudaram a combater a pandemia: “Não é cem por cento eficaz, mas não dá para dizer que não ajudaram”.
De fato, os especialistas alertam para uma verdade elementar: nenhum medicamento ou vacina tem 100% de eficácia. Cada paciente tem um histórico individual, e também o acaso é um fator atuante, que pode interferir no tratamento. O mesmo se aplica às vacinas contra a Covid-19. O que está em jogo é a eficácia, ou seja, a taxa de sucesso no combate à doença, que só pode ser medida com base em estatísticas, e essas vêm demonstrando o sucesso da vacinação contra a doença do novo coronavírus. Nesta matéria do G1, você pode conferir a queda na média móvel das taxas de contágio e do número de mortos no país.
Mas os especialistas também alertam que não é hora de descuidar, pois a variante delta do novo coronavírus pode interromper a tendência de queda no número de infecções e óbitos verificada nas últimas semanas. Nesta matéria da Folha de S.Paulo, de 11 de agosto, há um alerta para a tendência de desaceleração na queda em alguns estados, o que acende o alerta para o futuro. É preciso acelerar a vacinação e manter medidas de proteção, como evitar aglomerações e usar máscaras.
O NUJOC já checou diversas mensagens contendo desinformação sobre vacinas e tratamento precoce. Nesta aqui, de 17 de abril, desmentimos que a cidade de Chapecó tenha zerado internações devido ao tratamento precoce. Nesta outra aqui, de 9 de julho, verificamos a fake news que denunciava a presença de grafeno nas vacinas contra a Covid-19.