Postagem sobre novo respirador procede, mas há ressalvas a fazer
Circula pelas redes sociais postagem sobre a produção de um novo respirador artificial no país: “Coronavírus: novo respirador artificial é produzido no Brasil”. Até aí, tudo bem.
Desde o início da pandemia pelo coronavírus, há iniciativas de fabricação de respiradores no país, que envolvem universidades, institutos de pesquisas e empresas públicas e privadas.
A fabricação de respiradores se deve ao cenário muito provável de falta desses equipamentos nas unidades de terapia intensiva caso a doença se espalhe.
Foi o que aconteceu em países como Itália e Espanha, por exemplo, como reporta matéria sobre os respiradores publicada no site da BBC News Brasil em 31 de março.
Devido à alta demanda, não havia respiradores para todos, o que tem obrigado os profissionais da saúde a decidir sobre quem vai utilizar os aparelhos e quem não vai. Isso pode representar uma sentença de morte, já que a taxa de letalidade é de 50% entre os que necessitam de ventilação artificial em decorrência da COVID-19.
No caso do Brasil, os especialistas estimam que ainda não se chegou ao pico da epidemia, o que justifica a preocupação em produzir mais respiradores artificiais para a fase aguda da doença, que pode acometer até 5% dos pacientes, segundo estimativas das autoridades médicas.
Mesmo com um número elevado de aparelhos, se a doença atingir o pico de contágio, em questão de dias eles se esgotam.
Estima-se que, se houver uma taxa de contágio 60 vezes mais alta que a atual, em menos de três dias não haverá respiradores suficientes para todos no país, também conforme se lê na reportagem da BBC.
O site da revista Veja publicou a matéria que originou o post que circular nas redes sobre o novo respirador no dia 25 de março.
Na notícia da Veja se lê que a empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) vai investir na produção do novo respirador, a ser produzido pela Braile, empresa de equipamentos médicos.
A matéria da Veja informa ainda que o aparelho funciona como um pulmão auxiliar: “O equipamento oxigena e remove o gás carbônico (CO2) diretamente do sangue. Há um circuito padrão, no qual o sangue das veias é removido do paciente, bombeado até um oxigenador e depois devolvido ao corpo por meio de uma artéria ou uma veia”. A expectativa é que a produção do aparelho aconteça no final de maio, com tecnologia 100% nacional e custos mais baixos.
A segunda parte da postagem que circulou nas redes sociais traz a seguinte informação: “Essa tecnologia ajuda até mesmo pacientes mais graves, que não atendem [sic] mais aos respiradores comuns”. Nesse ponto, a postagem avança o sinal vermelho.
O que se sabe até o momento é que o aparelho ainda está em fase de construção e vai funcionar como um suporte ao tratamento mecânico, “oferecendo ao paciente um “pulmão auxiliar” no caso de a ventilação não estar surtindo efeito no tratamento”, diz a matéria da Veja.
Ao afirmar que ele “ajuda até mesmo pacientes mais graves”, a postagem que circula nas redes levanta expectativas que não se amparam nos fatos. É necessário cautela.