Protestos opõem-se a medidas contra coronavírus em Paris, Londres e Berlim com forte influência negacionista
Manifestantes antivacina, contra o uso de máscaras e o distanciamento social
se reuniram em protestos nas três cidades
Através da parceria com o aplicativo Eu Fiscalizo (disponível para Android e iOS), o Nujoc Checagem recebeu nova sugestão de verificação de um perfil de apoiadores do ministro Paulo Guedes (Economia). Confira a seguir o trabalho de verificação realizado pela nossa equipe:
“Milhares de pessoas protestam nas ruas de Berlim, Paris e Londres
contra medidas restritivas vinculadas à Covid-19″
A publicação não traz qualquer tipo de contextualização sobre quando o protesto ocorreu, sendo supostamente publicado em 30 de agosto de 2020 por Thaís Garcia, no Twitter. A fonte utilizada na frase e nos detalhes possuem algumas variações, o que acende o alerta para a possibilidade de ter sido corrompida.
Através de uma busca reversa da imagem no site Google, o Nujoc Checagem localizou a imagem reproduzida na publicação, de autoria de Michael Sohn e publicada pelo site da agência de notícias Associated Press News. De fato, trata-se de um protesto realizado em Berlim. A imagem mostra o monumento Siegessäule (ou Coluna da Vitória), na capital alemã. Na legenda, a agência contextualiza o evento:
“Pessoas se reúnem na Coluna da Vitória enquanto participam de uma manifestação de protesto em Berlim, Alemanha, sábado, 29 de agosto de 2020, contra novas restrições ao coronavírus na Alemanha. A polícia em Berlim solicitou milhares de reforços de outras partes da Alemanha para lidar com os protestos planejados no fim de semana por pessoas que se opõem às restrições ao coronavírus”.
Na ocasião, 38 mil pessoas compareceram ao protesto, segundo as autoridades, contra o “uso de máscaras e outras medidas governamentais destinadas a impedir a propagação do novo coronavírus”, bem como contra vacinas e o governo alemão em geral, segundo a AP. Integrantes da extrema-direita tentaram, inclusive, invadir o Reichstag, o parlamento alemão. Para saber mais, em português, confira a publicação do jornal O Globo.
Ainda segundo a Associated Press, os organizadores do protesto conseguiram a autorização para a manifestação, mas a garantia do distanciamento social foi uma condição imposta para que pudessem realizar o protesto. Entretanto, o acordo não foi cumprido, o que “levou a polícia de Berlim a dissolver a marcha enquanto ela ainda estava em andamento”.
O caráter extremista da manifestação também ficou evidente com o registro de alguns participantes do protesto que “usavam camisetas promovendo a teoria da conspiração “QAnon”, enquanto outros exibiam slogans nacionalistas brancos e insígnias neonazistas, embora a maioria dos participantes negue ter opiniões de extrema direita”. Também foram registrados vários contraprotestos menores.
Em Londres e Paris também aconteceram protestos, mas o número de pessoas que compareceram foi menor, na casa das centenas. Assim, o movimento maior foi apenas aquele realizado em Berlim.
Tem ganhado força os movimentos negacionistas contra a Covid-19. Tais movimentos incorporam um discurso contra o distanciamento social, uso de máscaras e antivacina. Os principais representantes alinham-se à chamada extrema-direita, conforme os protestos ocorridos em Berlim, Paris e Londres podem demonstrar. Conforme mostra esta matéria do Uol, que ouviu especialistas sobre o assunto, o negacionismo representa um entrave para a adoção de medidas consequentes que de fato resolverão o problema da Covid-19, prejudicando não só a saúde como os avanços da medicina. Grande exemplo isso é o retorno de doenças que estavam erradicadas no Brasil, como é o caso do sarampo, devido à queda da cobertura vacinal.
Foto da capa: Reprodução/AP Photo/Michael Sohn