Quase 370 mil mortes no Brasil são realmente em decorrência da COVID-19?
Recebemos, por meio do aplicativo Eu Fiscalizo da Fiocruz (disponível para Android e IOS), um vídeo que foi postado no Instagram, na página Aliados do Brasil. O vídeo em questão, publicado no dia 30 de março, possui mais de 8 mil visualizações. O conteúdo consiste em um médico, Ricardo Matos, no velório do próprio pai, alegando que o atestado de óbito do seu pai estava errado.
Para ele, que afirmou acompanhar o tratamento do pai, o motivo do falecimento foi broncoaspiração e os efeitos da idade avançada. O médico contesta o laudo de pneumonia viral causada por COVID-19. Por último, ele finaliza o vídeo ainda falando que os 300 mil mortos devidos a COVID-19 não existem, pois teriam morrido por outros motivos e esse número é divulgado para assustar a população.
Ao utilizar a morte do pai, o médico erra ao questionar o índice de mortes por COVID-19 no Brasil. Ao contrário do que é dito no vídeo, existem sim, infelizmente, quase 370 mil mortos no Brasil. Atualmente a taxa de morte por Covid-19 aqui no país já é maior que nos EUA. Isso é mostrado numa matéria da Época no qual o EUA soma 565.298 mortes desde o início da pandemia, contra 365.444 do Brasil, porém, com uma população mais de 50% maior, sua taxa de mortalidade agora é menor que a do nosso país sul-americano: 172,2 óbitos para cada 100 mil habitantes contra 173,2. E esse número pode ser ainda maior, isso porque existem registros hospitalares no Brasil que foram usados numa pesquisa em curso que se baseia em dados oficiais de síndrome respiratória grave (SRAG), no qual possui como sintomas como febre e falta de ar. Os casos aumentaram desde o início da pandemia, e esse estudo aponta que o número de pessoas que morreram dos casos já confirmados ou suspeitos pode já ter passado dos 400 mil. A matéria da BBC ao trazer mais detalhes sobre isso, revela que no primeiro semestre de 2019 foram 3.040 mortes de SRAG, e já no mesmo período do ano seguinte foram registrados 86.651. Outro fator importante a destacar é que de todas as pessoas que foram diagnosticadas com síndrome respiratória grave, 99% delas também foram diagnosticadas com Covid-19.
Diariamente, no mundo inteiro, muitos casos de infectados e mortos são noticiados na imprensa, os leitos de hospitais estão lotados e já sem novas vagas, no entanto existe uma negação de um número seleto de pessoas. Essas pessoas como uma forma de defesa acabam criando justificativas para não aceitar o que se passa. E no Brasil, isso é intensificado por não existir uma estratégia nacional de combate a Covid-19 que segundo estudo publicado na revista americana Science e postado no site UOL, conclui-se que os participantes da pesquisa mostraram que o vírus se espalhou rapidamente pelo Brasil na maioria dos estados, e que as diferentes políticas no combate à pandemia ajudaram na propagação da Covid-19 no território brasileiro. Outro estudo da Universidade do Rio Grande do Sul também mostra que recursos, como incentivo ao uso de máscaras e distanciamento reduzem em 87% as chances de se contrair coronavírus, no entanto tais práticas não foram estimuladas de maneira unificadora me solo brasileiro. Tais práticas serviriam para além de evitar mais mortes, que as pessoas levassem com seriedade a situação.