Quem tomou a segunda dose da vacina contra a Covid-19 ainda pode se infectar?
Sim, essa possibilidade existe, mas, apenas em casos em que o tempo da janela imunológica das vacinas não tenham atingido níveis de proteção o suficiente contra o vírus
Circulam pelas redes sociais notícias que envolvem pessoas que vieram à óbito após terem tomado a primeira ou a segunda dose das vacinas contra a Covid-19. Os relatos não são poucos e junto ao burburinho das incertezas, somam-se muitas informações falsas a respeito da eficácia dos imunizantes, assim como afirmações de que esses óbitos ocorreram em decorrência da aplicação das vacinas.
É fato que estas situações estejam acontecendo, inclusive aqui, no Brasil, mas é importante salientar que não são devido a aplicação dos imunizantes, ou seja, não são as vacinas que estão provocando o adoecimento pelo novo coronavírus, mas sim o relaxamento das medidas sanitárias de prevenção individual e de modo geral.
Entenda o porquê.
Atualmente há duas vacinas aprovadas para aplicação em massa na população brasileira; a Coronavac produzida e distribuída pela farmacêutica chinesa Sinovac e recentemente pelo Instituto Butantan, e a CoviShield produzida pela AstraZeneca, Universidade de Oxford e agora também pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ambas necessitam de duas doses para uma cobertura vacinal completa.
O que é necessário que fique esclarecido é que, mesmo após a aplicação da primeira ou da segunda dose, é de suma importância que espere-se em torno de 7 à 14 dias após a segunda dose para que o organismo possa oferecer níveis de proteção o suficiente contra as infecções causadas pelo novo coronavírus. Essa janela imunológica entre uma dose e outra pode variar em até 2 meses para que o corpo humano produza anticorpos o suficiente para evitar quadros mais graves da doença. Tempo suficiente para os antígenos presentes nas vacinas interajam com as células do sistema imunológico, e dessa forma criem os anticorpos necessários e para lidar com uma possível invasão viral. Somente a primeira dose não garante por si só proteção suficiente contra o vírus.
A respeito da hipótese de que as doses aplicadas em idosos e pessoas de outras faixas etárias teriam ocasionado óbito em razão de utilizarem o vírus inativo em sua composição, também é uma informação falsa, visto que esse método é utilizado à décadas e atualmente se mostra bastante seguro visto os avanços tecnológicos e científicos na produção de imunizantes.
Em reportagem à BBC, Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBI), informou que:
“Nenhuma vacina disponível, para essa ou qualquer outra doença, é capaz de proteger, mesmo que parcialmente, em menos de 14 dias após a aplicação das doses. Os imunizantes são feitos com vírus inativado e nem por um milagre elas podem provocar a doença”, declara a médica.
Portanto, enquanto o sistema imune não finaliza a produção de anticorpos, o risco de se infectar com o novo coronavírus dentre outros tipos de vírus que causam doenças respiratórias é muito grande, então, mesmo após a vacinação os cuidados de prevenção individual continuam imprescindível tendo em vista que até quem estiver vacinado e desenvolver quadros leves da doença ainda pode infectar outras pessoas. Distanciamento social, higienização constante das mãos, uso de máscaras e evitar aglomerações continuam como as melhores formas de se prevenir e de cuidar de outras pessoas no dia a dia.