Terceira dose da vacina contra a COVID-19 é oportunidade para injetar veneno no corpo?
Por Edison Mineiro
O Nujoc recebeu para checagem um vídeo do jornalista Marcos Santos publicado no instagram abordando o assunto da terceira dose da vacina contra a Covid-19. De acordo com o jornalista, o uso dos imunizantes são oportunidades para injetar veneno no corpo humano. Além disso, as vacinas seriam uma forma de controlar as pessoas dentro de uma lógica comunista e facista, conforme é mencionado no vídeo. Vale mencionar que a publicação foi encaminhada para verificação por meio de parceria com o aplicativo Eu Fiscalizo da Fiocruz (Disponível para Android e IOS).
Os argumentos lançados por Marcos Santos são falsos. Discutido em outros momentos aqui no Nujoc Checagem trazemos novamente um posicionamento da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), braço da OMS. Confira abaixo:
Todas as vacinas aprovadas são submetidas a testes rigorosos ao longo das diferentes fases de ensaios clínicos e seguem sendo avaliados regularmente uma vez que comercializadas. Cientistas também monitoram constantemente informações de várias fontes para qualquer sinal de eventos adversos relacionados a alguma vacina. A maioria das reações são leves e temporais, tais como dor no local da injeção ou febre baixa. Raros efeitos colaterais graves são notificados e investigados imediatamente.
Os efeitos notáveis das vacinas são evidentes em todo mundo, sobretudo, se combinado com medidas de distanciamento social e o uso de máscaras. O Brasil já teve momentos em que o índice de óbitos ultrapassava as 4 mil mortes em um único dia. Atualmente, o país está com a média semanal abaixo dos 200 óbitos. Também se pode ressaltar a taxa de contaminação nos últimos meses. Os números têm como fonte a plataforma Our World in Data.
Ainda sobre o número de óbitos, de acordo com o UOL, oito em cada dez pessoas que morreram de covid-19 no Brasil não receberam nenhuma dose da vacina. Segundo levantamento do UOL, pela Info Tracker, plataforma de dados da USP (Universidade de São Paulo) e da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Desde março, quando a segunda dose do imunizante passou a ser aplicada entre os brasileiros, as mortes pela doença despencaram 94%.
Entre 1º março e 15 de novembro deste ano, 306.050 pessoas morreram de covid no Brasil. Em 79,7% dos casos (243 mil), as vítimas não haviam tomado nenhuma dose da vacina. O número despenca para 32 mil (10,7%) entre aqueles que morreram após completar o ciclo vacinal e para 29 mil (9,7%) entre os que tomaram apenas uma dose.
Necessidade da Terceira Dose – Com informações da Veja Saúde, A rigor, a necessidade de aplicação de mais uma dose se baseia em três fatores: disseminação da variante delta, a queda de anticorpos neutralizantes após alguns meses e a fragilidade do sistema imunológico de grupos específicos.
A delta, variante mais transmissível que já predomina em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, tem se mostrado mais resistente a anticorpos desenvolvidos em contatos anteriores com o Sars-CoV-2 e parece elevar o risco de infecções sintomáticas em vacinados.
Em julho, a revista Nature publicou uma pesquisa explorando esses aspectos. O trabalho indicou uma maior resistência da delta a anticorpos monoclonais, usados no tratamento contra o coronavírus, assim como a anticorpos neutralizantes de pacientes previamente infectados.