Tratamento profilático com Hidroxicloroquina e spray para garganta são eficientes contra a Covid-19?
Nenhuma evidência concreta em ensaios conduzidos pelo mundo apontam para a cloroquina como remédio eficaz contra a Covid-19
A Hidroxicloroquina esteve na agenda de discussões científicas, políticas e jornalísticas durante todo o decorrer da crise sanitária causada pelo novo coronavírus. Mesmo agora, com os imunizantes sendo aplicados em todo o mundo, a medicação originalmente usada para tratar casos de malária, ainda se mostra um divisor de águas no que concerne ao tratamento e prevenção da Covid-19.
Muitas são as vertentes pelas quais se defendem o uso do medicamento em pacientes avariados pela Covid-19, porém, do ponto de vista científico, o remédio segue em estudo e até agora, não apresentou nenhum resultado relevante para a contenção, enfrentamento e eficácia contra o vírus.
Recentemente, uma notícia que circula pelas redes sociais, informa que um estudo realizado em Cingapura entre mais de 3 mil homens trabalhadores migrantes saudáveis colocados em quarentena durante 42 dias em um grande dormitório de vários andares em Cingapura, foram tratados precocemente com cloroquina e spray nasal.
Não encontramos registros da realização do estudo, entretanto, de fato, uma medicação à base de aprotinina, fosfato de hidroxicloroquina ou sulfato de hidroxicloroquina, ivermectina, além de outras combinações utilizando bafilomicina e amónio foi protocolado ano passado pela empresa finlandesa THERAPEUTICA BOREALIS OU, porém, a FDA (Órgão Americano Equivalente a Anvisa no Brasil) ainda não aprovarou o uso da medicação. Segue em análise.
No Brasil, grandes ensaios clínicos, como o RECOVERY e o SOLIDARITY, suspenderam o uso desses medicamentos em suas avaliações após a análise dos dados ter demonstrado ausência de benefício em desfechos clínicos importantes como mortalidade. Estudos investigando seu uso profilático também falharam em demonstrar eficácia. Os resultados mostram que não houve benefício em redução de mortalidade em pacientes com casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 com o uso de cloroquina e que o uso de hidroxicloroquina esteve associado a maior mortalidade. Confira mais detalhes aqui.
A Fiocruz por meio da equipe de COVID19 DivulgAÇÃO Científica, divulgou um vídeo com o pesquisador Francisco Paumgartten, da Fiocruz, e a médica Elizabeth Machado, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/UFRJ, sobre a cloroquina e hidroxicloroquina que não possuem eficácia comprovada no tratamento da COVID-19, podendo ser nocivo quando utilizadas de forma inadequada e sem orientação médica. Veja a entrevista aqui. Portanto, até que ensaios clínicos conclusivos sobre o uso da cloroquina ou quaisquer outras medicação para o tratamento da Covid-19 sejam verdadeiramente publicados, não é recomendável a administração dessas drogas como tratamento profilático contra o Sars-Cov-2. O que é recomendado, enquanto a distribuição de vacinas não abrange toda a população em massa, é evitar aglomerações, usar máscaras, higienizar constantemente as mãos e procurar ajuda médica em caso de suspeita. O uso de forma inadequada e sem orientação médica dessas ou de qualquer outras medicações pode servir como fator agravante no aumento de mortalidades por Covid-19. Prevenir-se continua a sendo a melhor estratégia de contenção do vírus.