Uso de máscaras não afeta a contaminação por coronavírus?
Por Camila Sampaio
Recebemos, por meio do aplicativo Eu Fiscalizo da Fiocruz (disponível para Android e IOS) uma postagem no instagram Verum Vitae que possui cerca de 50 mil seguidores. De acordo com a postagem, estudos observacionais haviam mostrado benefícios no uso da máscara cirúrgica como medida de prevenção contra a Covid-19, contudo um novo estudo randomizado mostrou que as máscaras cirúrgicas não são eficazes.
Segundo a publicação, o estudo contou com quase 5 mil pessoas para verificar os benefícios da máscara cirúrgica, no qual 1,8% das pessoas que usavam máscaras contraíram covid-19, enquanto 2,1% das pessoas que não usavam máscara cirúrgica contraíram a covid-19. Conforme a publicação, não existe uma diferença nessa estatística, logo, o uso da máscara não faz diferença.
A publicação no instagram da Verum Vitae, não revela os dados essenciais da pesquisa como local e responsável. O NUJOC pesquisou os dados publicados nesta postagem, e uma publicação da revista Galileu de novembro de 2020, revela que a pesquisa foi feita entre Abril e Junho de 2020, por cientistas da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca.
A matéria destaca que no período que estava sendo realizado o teste, apenas 2% da população dinamarquesa estava infectada e o distanciamento social e lavagem frequente das mãos eram comuns, mas as máscaras não. Ainda de acordo com a matéria, os pesquisadores esperavam que a proteção adicional reduzisse a taxa de infecção pela metade entre os usuários. No entanto, não foi isso que aconteceu: 42 pessoas no grupo da máscara (1,8%), foram infectadas, em comparação com 53 no grupo sem máscara (2,1%). Ou seja, a diferença não foi estatisticamente significativa. O estudo contou com a participação de 6024 participantes. Esse total foi dividido em dois grupos, um que recebeu máscaras cirúrgicas e foi instruído a usá-las ao sair de casa e outro que foi orientado a não usar a máscara em público.
Apesar dos dados serem reais, e serem parte de uma pesquisa que de fato aconteceu, ele está ultrapassado e possui limitações, uma vez que não é possível ter certeza que os participantes que estavam usando máscara, usavam corretamente e aqueles que se disponibilizaram em não usar, puderam mesmo respeitar isso, já que nesse período o uso era obrigatório decretado pelo governo.
Uma matéria da Veja, mostrou um estudo mais recente, que contou com mais de 340 mil pessoas em Bangladesh, na Ásia, para investigar a importância das máscaras cirúrgicas no combate à pandemia. Segundo o estudo, 178 mil usaram máscara e com isso houve um aumento de proteção em 30% que durou por dez semanas ou mais, além de ocorrer uma queda de 12% em sintomas de Covid-19.
Considerando que um terço dos indivíduos adotou o número de máscaras e mostrou resultados positivos no percentual, se toda a população tivesse adotado as máscaras, a redução dos casos de coronavírus seria bem maior.