Vacina da Pfizer tem alto risco de miocardite e ocasionou infartos em Israel?
Por Edison Mineiro
Recebemos para checagem o vídeo da médica Maria Emilia Gadelha Serra que circula nas redes sociais. No trecho que viralizou, a médica se coloca contra a vacinação infantil ao falar que o risco de miocardite relacionado ao imunizante da Pfizer é de 37 casos em 100 mil habitantes. Além disso, a otorrinolaringologista conta que após a vacinação de Covid-19 os casos de infarto aumentaram tano que Israel decidiu espalhar desfibriladores nas ruas.
As informações levantadas no vídeo são falsas. Sobre o risco de miocardite em decorrência da vacina da Pfizer, os benefícios são superiores aos riscos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunologia, o risco de miocardite/pericardite após a vacinação existe, mas é raro. A possibilidade de o quadro ser causado pela COVID-19 é muito maior. Por isso, agências regulatórias de vários países continuam a recomendar a vacinação para todos os indivíduos a partir de 12 anos de idade — muitas para crianças a partir de 5 anos de idade.
Assim, os sistemas de monitoramento concluíram que existem poucos relatos desta condição até o momento, a maioria leve e tratável.
Quanto à presença de desfibriladores nas ruas de Israel, procurado pelo G1, o Ministério da Saúde de Israel é enfático sobre as alegações: “Fake news”. Os equipamentos exibidos não são novos. Eles já são utilizados desde antes do início da vacinação no país.
Os equipamentos são da Magen David Adom, a organização nacional do Estado de Israel responsável por atendimentos médicos pré-hospitalares de emergência. “A organização trata centenas de milhares de casos de salvamento todos os anos, utilizando dispositivos tecnológicos que estão entre os mais avançados do mundo, de acordo com os protocolos comuns de tratamento cardíaco da American Heart Association”, informa, em seu site.
Por último, ao final de dezembro a Anvisa encaminhou resposta técnica aos questionamentos da médica sobre a vacinação infantil. Confira fragmentos da nota abaixo:
”A avaliação de qualquer vacina não é um ato simples. Antes de tudo, são estabelecidos os padrões técnicos, as regras e os requisitos que devem ser seguidos para, ao final, ser possível que o seu desenvolvedor apresente para avaliação uma vacina com qualidade, segurança e eficácia contra a doença que se pretende prevenir. Esses padrões são internacionalmente discutidos e seguidos por autoridades reguladoras de todo o mundo, e também pelos desenvolvedores das vacinas”, ponderou a agência.
“Reiteramos que a vacinação também é importante para aumentar a proteção daqueles com maior risco de desenvolver a doença na forma grave, reduzindo a necessidade de hospitalização, a disseminação do vírus e prevenindo o surgimento de novas cepas de maior preocupação”, completou Anvisa.