Vacinas da Coronavac, Pfizer e Moderna podem causar paralisia facial?
Há relatos da ocorrência de paralisia facial após a segunda dose de algumas vacinas, no entanto, as autoridades advertem que os benefícios superam as atribulações
A aprovação do uso emergencial das vacinas contra a covid-19 em todo mundo, mobilizou uma série de dúvidas referentes aos possíveis efeitos colaterais no organismo humano. Do início da vacinação até os dias atuais, uma gama de reações às vacinas foram incluídas na literatura de possíveis efeitos colaterais, como trombose, mas em casos muito raros.
Recentemente, o caso de um homem que teve paralisia facial após a segunda dose da vacina coronavac gerou repercussão nas redes sociais e pôs em evidências muitas dúvidas a respeito da segurança das vacinas.
Um estudo publicado pelo periódico científico publicou The Lancet um estudo no qual avalia casos da paralisia facial unilateral, caracterizada por uma inflamação temporária nos nervos, na população vacinada de Hong Kong. Essa rara condição desaparece sozinha em até seis meses em 70% dos pacientes. O estudo pode ser lido aqui.
Em outros casos, o uso de corticoides pode reverter os danos em quase 100% das vezes. Segundo consta no estudo, durante os ensaios clínicos das vacinas de mRNA (Pfizer e Moderna) e da CoronaVac, houve relatos entre os imunizados. No entanto, grande parte das autoridades sanitárias destaca que os benefícios da vacinação em larga escala superam as adversidades decorrentes do processo de imunização.
De acordo com reportagem do Correio Braziliense, “ As ocorrências de paralisia de Bell foram incluídas na análise quando diagnosticadas dentro de 42 dias da primeira ou da segunda dose da imunização. Os pesquisadores também conduziram um estudo de caso-controle, com registros de saúde eletrônicos de todo o território, incluindo 298 casos de paralisia de Bell e 1.181 controles correspondentes”.
“Nosso estudo sugere um pequeno aumento do risco de paralisia de Bell associado à vacinação com CoronaVac. No entanto, ela permanece um evento adverso raro e temporário. Todas as evidências até o momento, de vários estudos, mostram que os efeitos benéficos e protetores da vacina covid-19 inativada (caso da CoronaVac) superam em muito qualquer risco. A vigilância contínua, por meio de estudos de farmacovigilância como o nosso, é importante para calcular com níveis crescentes de confiança os riscos de eventos adversos raros.”, disse em nota, o autor principal, Ian Chi Kei Wong, professor da Universidade de Hong Kong.
O estudo publicado no último dia 17 de agosto de 2021, relata que os pesquisadores analisaram casos de paralisia de Bell relacionados às duas vacinas aprovadas em Hong Kong — CoronaVac e BNT162b2 (Pfizer) de acordo com o mesmo portal de notícias. A pesquisa usa dados do sistema de farmacovigilância da autoridade reguladora de medicamentos da região administrativa, que abrange relatórios de eventos adversos registrados por profissionais de saúde em todo o território.
Para conduzir os estudos, as equipes de pesquisa selecionaram e mapearam casos ligados à paralisia de Bell com relação às duas vacinas aprovadas em Hong Kong — CoronaVac e BNT116b2 (Pfizer). O sistema de farmacovigilância da autoridade reguladora cede os dados de medicamentos da região administrativa, que incluem registros de relatórios adversos por profissionais de saúde do território em sua totalidade para coleta de casos registrados e quantificados de quantas ocorrências foram constatadas com cada uma dessas vacinas.
Algumas notificações datam de 23 de fevereiro e 4 de maio de 2021, no qual 28 ocorrências clínicas atestadas da paralisia de Bell foram identificadas entre as 451.939 pessoas das quais receberam pelo menos a primeira dose de CoronaVac (3,6 casos por 100 mil doses aplicadas). E mais 16 entre 537.205 que tomaram a primeira dose do imunizante da Pfizer, equivalente há 2,04 casos por 100 mil injeções aplicadas.
Ou seja, como resultado, os pesquisadores avaliaram que para cada 100 mil pessoas imunizadas com a vacina CoronaVac, 4,8 eventualmente podem ser acometidas pela paralisia de Bell. No que se refere a vacina Pfizer, os dados apontam para 2 casos entre 100 mil pessoas imunizadas. Por se tratar de uma condição que requer estudos mais robustos a respeito da associação das vacinas com a paralisia, os cientistas advertem que pesquisas mais aprofundadas devem ser feitas para avaliar com minúcia a associação das vacinas com este efeito adverso.
Enquanto evidências conclusivas que associam a paralisia de Bell às vacinas não forem publicadas pelos órgãos competentes, um importante indicador deve ser levado em conta, que é a redução do número de óbitos e de casos por Covid-19. No Brasil, por exemplo, a Coronavac reduziu em 90% as mortes de pessoas com mais de 70 anos em cinco estados (Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará e Piauí), segundo dados do Governo do Estado. Portanto, é fundamental que as vacinas continuem a ser aplicadas, visto que os efeitos positivos para a população mundial superam suas adversidades.