Vídeo com depoimento de médica acirra embate sobre a hidroxicloroquina
“Eu coloquei eles na hidroxicloroquina, em zinco, com azitromicina, e eles estão todos bem. Nos últimos meses eu tratei mais de 350 pacientes e não perdi nenhum”
O vídeo da médica, Stella Emmanuel repercutiu nas redes sociais por afirmar, com convicção, que o uso da hidroxicloroquina e em combinação com zinco e azitromicina são eficazes no tratamento da COVID-19. Segundo a médica, ela curou, com o uso das drogas, mais de 350 pacientes com COVID-19, dentre eles pessoas com diabetes, pressão alta e asma, além de idosos, os mais velhos com 92 e 87 anos.
Embora a médica Stella Emmanuel tenha autonomia para tratar seus pacientes conforme os recursos disponíveis e o código de ética médica, o uso dos medicamentos adotados pela médica contradizem as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), pois, não há evidências científicas de que os medicamentos sejam eficazes no tratamento da COVID-19.
O Nujoc Checagem já trouxe diversos estudos que indicam que a hidroxicloroquina pode causar danos à saúde, especialmente em pessoas que possuem alguma comorbidade, desse modo, o teste com a droga foi suspenso definitivamente, no início do mês de julho, após não apresentar bons resultados contra a doença, por isso, a OMS não recomenda o uso do medicamento no tratamento da COVID-19.
Uma pesquisa realizada em julho de 2020, publicada no periódico New England Journal of Medicine, o periódico médico com maior fator de impacto no mundo, segundo a BBC, concluiu que a hidroxicloroquina isolada e em combinação com azitromicina, além de não terem mostrado benefícios, os tratamentos testados foram associados a efeitos adversos mais frequentes, principalmente aumento do chamado intervalo QT, um sinal de maior risco para arritmia detectado por eletrocardiograma, e aumento de enzimas TGO/TGP no sangue, alteração que pode indicar lesão no fígado.
Os testes foram realizados em 667 pacientes com quadros leves e moderados de COVID-19, além disso, o estudo clínico foi randomizado controlado, considerado uma das ferramentas mais poderosas para a obtenção de evidências. Nos estudos clínicos randomizados controlados os participantes são divididos, aleatoriamente, em dois grupos, o grupo da intervenção e o grupo dos controles. A alocação aleatória tem como principal finalidade tornar os dois grupos semelhantes entre si.
“Entre os pacientes hospitalizados com Covid-19 leve a moderado, o uso de hidroxicloroquina, sozinho ou com azitromicina, não melhorou o estado clínico em 15 dias, em comparação com o tratamento padrão”, explica os pesquisadores. Além disso, a azitromicina é um antibiótico indicado contra as bactérias e não ataca nenhum tipo de vírus. O assunto também já foi abordado pelo Nujoc checagem (Saiba mais aqui).
O zinco foi outro medicamento citado pela médica e, apesar dele ser essencial e determinante para manutenção da função imune, inata e adaptativa do organismo, a Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) enfatiza que “nenhum desses nutrientes (vitamina A, C, D, Zinco, Selênio e Probióticos) trata diretamente a infecção pelo novo coronavírus”.
Stella Emmanuel afirmou ainda que o uso de máscara e o lockdown não são necessários: “Eu sei que vocês querem falar de máscara, ALÔ! Você não precisa de máscara, existe uma cura! Eu sei que você não quer abrir as escolas. Não! Você não precisa colocar as pessoas em lockdown, existe uma prevenção e existe uma cura”.
O uso de máscaras, o distanciamento social e os cuidados com a higiene são as medidas mais eficazes para prevenção contra o novo coronavírus. Assim como o uso da máscara, o Nujoc checagem já esclareceu o boato sobre a ineficácia do lockdown. (Acesse aqui)
De acordo com a especialista em doenças infecciosas da Universidade da Califórnia em São Francisco, Monica Gandhi, é provável que as máscaras, ao bloquear algumas das gotículas portadoras de vírus, reduzam o risco de adoecer gravemente devido ao COVID-19. “Quanto mais vírus entra em seu corpo, mais doente você fica. Um pequeno número de partículas virais tem maior probabilidade de ser reprimido pelo sistema imunológico antes de proliferar”, explicou, segundo reportado pelo site CNN Brasil.
A especialista Monica Gandhi afirma ainda que “as máscaras podem prevenir muitas infecções por completo, como foi visto em profissionais de saúde quando mudamos para o mascaramento universal”. (Saiba mais aqui)
Sobre a política de lockdown, ela deve ser aplicada conforme as necessidades e problemas de cada local. Além disso, o distanciamento social até o momento tem se mostrado eficiente na prevenção contra a disseminação do novo coronavírus.
Ambas medidas são as formas de prevenção mais eficiente contra a COVID-19, pois evitam a contaminação pelo novo coronavírus.