Video traz informações duvidosas sobre situação de hospitais em São Paulo
Em parceria com o aplicativo @eufiscalizo, recebemos um vídeo relatando denúncias de hospitais vazios na cidade de São Paulo. O vídeo é inconsistente e não é possível comprovar nada por meio do conteúdo noticiado.
Não são poucos os materiais que circulam nas redes e que visam minimizar os efeitos negativos inerentes a pandemia do novo coronavirus.
Em um desses muitos vídeos gravados por pessoas que tentam distorcer a atual situação, um homem dirigindo um carro circula pela cidade de São Paulo, e sai visitando alguns hospitais da cidade, alegando que todo o pânico causado pela mídia em decorrência da covid-19, é na verdade, um golpe midiático e que a pandemia não tem causado tantos danos como é retrato em noticiários.
No vídeo de título “cidadão de São Paulo foi checar pessoalmente: epidemia ou mídia inflando o pânico?” O interlocutor do material visita algumas instituições com o intuito de desmentir que tais hospitais estejam lotados e sim com poucos pacientes, tentando assim contrapor a versão de que a rede hospitalar esteja com sua capacidade de atendimento no máximo.
Durante o vídeo, em momento algum o narrador adentra os hospitais, filmando apenas a parte de fora e mostrando que, aparentemente, o movimento nos hospitais estão tranquilos e nada tumultuados como vimos diariamente nas redes de comunicação.
Segundo o último boletim fornecido pela Prefeitura de São Paulo sobre o coronavirus, divulgados no dia 24 de junho,o Estado registra até o momento 229.475 casos confirmados.
No município de São Paulo o número é de 138.339. E ao todo os casos suspeitos somam 257.900.
A evolução dos óbitos de casos relatados como oficiais, do dia 17 de junho ao dia 24 do mesmo mês ao todo somam 6.722. Já os casos suspeitos referentes às mesmas datas totalizam 5.216. Somados, são 11.938.
O boletim com a situação dos hospitais de campanha pode ser consultado neste link.
Consulte aqui os índices de adesão de isolamento por cada região do Estado de São Paulo.
Vale ressaltar que protocolos de medidas sanitárias foram adotadas por estes hospitais seguindo orientações do próprio Ministério da Saúde, bem como, da OMS (Organização Mundial da Saúde) e que visam por conseguinte, isolar do contato comum pacientes com casos suspeitos e confirmados do novo coronavirus.
Essas medidas foram adotadas no intuito de promover menor contato com estes pacientes, evitando assim que um possível um contágio aconteça. Para tanto, os hospitais adotaram medidas protetivas isolando algumas áreas dos prédios para seguir tais recomendações, dentre as quais estão o cancelamento de visitas, agendamento de consultas de outros segmentos, atendimento por meio de outras localidades e andares dos prédios e entrada de pacientes por outras partes dos hospitais.
Além disso, hospitais de referência não só de São Paulo, mas de outras localidades do país inteiro passaram por modificações na estrutura física dos prédios para se adaptarem a medidas de segurança e instalações de novos setores exclusivos para pacientes com Covid-19. Isso prevê também instalações de respiradores, leitos de UTIs e alas improvisadas para atendimento de casos suspeitos,o que não é possível constatar apenas da fachada destes hospitais.
A instituições citadas no vídeo são o Centro Clínico Rebouças, o Hospital Santa Catarina, o Hospital IGESP e o BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
E cada uma dessas instituições se posicionou por meio de notas explicando as situações relatadas no vídeo e desmentindo as falsas informações difundidas no conteúdo.
Todas as notas explicando a situação dos hospitais por meio de assessoria de imprensa podem ser conferidas no site da Agência Lupa, que também realizou checagem do mesmo vídeo fraudulento. Para ter acesso as notas,clique aqui.
Sobre o aumento de casos em reportagem do G1, é possível constatar que: No último pico da média móvel de casos, em 3 de junho, a capital tinha média de 2.502 novos casos registrados a cada dia. Após uma queda repentina, a média móvel se manteve estável, formando um platô ao longo de cinco dias, com médias de 1.940 a 2.023 casos entre os dias 9 e 13 de junho.
No entanto, a partir do dia 14, a tendência mudou e a cidade passou a registrar índices cada vez maiores de novos casos: na terça (16), último dia com dados completos, a média móvel foi de 2.807 novos casos.
Segundo José Fernando Chubaci, físico e professor da Universidade de São Paulo (USP) que acompanha os dados de Covid-19 em São Paulo desde o início da pandemia, “a capital abandonou o platô e perdeu a estabilidade que havia sido conquistada no indicador de novos casos por dia.”
Portanto, são tendenciosas as informações de que os hospitais citados na cidade de São Paulo estejam vazios e sem pacientes sendo atendidos.
Não procede, nem é viável tirar conclusões desta magnitude por meio apenas de imagens da entrada ou de fachadas dos hospitais sem um devido posicionamento por meio de nota oficial das mesmas instituições relatadas no conteúdo do vídeo.