Vitamina D combate o câncer?
Em entrevista, o médico Lair Ribeiro recomenda o hormônio para a prevenção de diversas doenças
Em um vídeo de cerca de cinco minutos, o médico cardiologista e escritor de autoajuda Lair Ribeiro faz diversas afirmações sobre as propriedades medicinais da vitamina D. O material chegou à equipe do NUJOC através das redes sociais. Trata-se de entrevista sob o título “Ensinamentos do Dr. Lair Ribeiro”.
O vídeo, que você pode acessar aqui, tem as seguintes legendas: “A vacina anticâncer criada por Deus se chama vitamina D”.
A vitamina D não é vacina contra o câncer. Embora haja pesquisas que demonstrem forte correlação entre hábitos de vida saudáveis e a baixa incidência de câncer, não é possível afirmar que o hormônio produzido pelo organismo seja uma “vacina”, nem tampouco que ela foi “criada por Deus”, dado que a existência deste ainda é motivo de debate filosófico.
Lair Ribeiro lamenta que no Brasil as pessoas não estejam mais se expondo ao sol, pois este teria benefícios comprovados contra diversas doenças. “É outra história, o que eu chamo de heliofobia, todo mundo fugiu do sol. Antes de antibiótico, tudo era curado com o sol”, diz, referindo-se a doenças como a tuberculose. O médico afirma que tomar sol é importante para regular os níveis da vitamina D no organismo.
De fato, tomar sol é fundamental para manter os níveis adequados da vitamina D no corpo humano, como mostra essa reportagem aqui. Também é verdade que a exposição à luz solar traz diversos outros benefícios, como mostra esta matéria. É importante, contudo, não se expor em demasia, pois o sol também pode causar câncer de pele. Os especialistas recomendam até 20 minutos sem protetor solar no horário das 10 às 14h, que é quando os níveis dos raios ultravioleta B estimulam a produção da vitamina D. Deve-se evitar a exposição de cabeça e rosto. No restante do tempo exposto ao sol, usar filtro solar é essencial.
O médico afirma na sequência que os suplementos vitamínicos são necessários à medida que a pessoa envelhece, porque o corpo não produz o hormônio associado à vitamina D na mesma quantidade que produzia na juventude. “Se eu quiser manter níveis de vitamina D adequados, eu tenho que suplementar”, assevera.
A recomendação tem sentido como regra geral, mas deve-se ficar atento às ressalvas. Isso porque as vitaminas, incluindo a vitamina D, não entram na lógica popular segundo a qual “quanto mais, melhor”. A quantidade tem de ser exata, e o excesso pode acarretar problemas graves, como pedras nos rins. Um médico deve ser procurado para orientar em caso de suplementação, pois não se pode consumir de forma indiscriminada os suplementos vitamínicos. Nesta matéria aqui você confere as propriedades e os eventuais riscos da falta e do excesso de vitaminas para o organismo.
O NUJOC já fez outras checagens sobre o uso da vitamina D e dos suplementos vitamínicos. Nesta aqui, você confere o que descobrimos sobre a exposição ao sol e sua possível relação com o novo coronavírus. Nesta outra, verificamos as afirmações de dois médicos sobre a relação entre a Covid-19 e o uso de vitaminas.
Na página da Wikipédia sobre o médico Lair Ribeiro, ele é descrito como propagador de tratamentos alternativos e “divulgador de pseudociências”. Ele já escreveu 38 livros, “O sucesso não ocorre por acaso” sendo o mais conhecido deles.